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Israel planeja ‘manter o mundo cego’ sobre Gaza, adverte ex-relator da ONU

Michael Lynk, ex-relator especial das Nações Unidas para os direitos humanos nos territórios palestinos ocupados [Reprodução/ONU]

Michael Lynk, ex-relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para os direitos humanos nos territórios ocupados, advertiu que o objetivo de Israel ao impor um blecaute absoluto nos meios de comunicação da Faixa de Gaza, ao mantê-la no escuro sob disparos intensivos, é “manter o mundo cego” sobre o genocídio em curso.

“Cortar todos os meios de comunicação — incluindo o jornalismo bastante eficaz produzido pela rede Al Jazeera dentro de Gaza — se tornará ainda difícil com a queda na energia, sem internet ou contato com o mundo exterior”, declarou Lynk.

“Manter o mundo cego sobre o que está acontecendo é certamente o único propósito de ações como essa”, acrescentou.

Para Lynk, a alegação israelense de que o grupo de resistência Hamas usa o Hospital al-Shifa — maior centro médico de Gaza, com milhares de pacientes e 40 mil civis abrigados no local — como base de operações serve para “preparar a opinião pública para os ataques”.

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A reivindicação israelense não tem base independente, tampouco apresenta evidências. Grupos de resistência radicados em Gaza desmentem a campanha.

“Estou horrorizado que a opinião pública ocidental — Europa e América do Norte — não se voltou mais decisivamente contra Israel, mesmo antes de uma invasão por terra”, lamentou Lynk.

De acordo com o ex-relator da ONU, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conduz “interferência” em nome de Israel, incluindo ao promover desinformação, como fez essa semana ao pôr em dúvida a contagem de mortos do Ministério da Saúde de Gaza.

“Mesmo Washington recorreu a esses dados”, insistiu Lynk. “Certamente a ONU recorreu a esses dados e não há qualquer indício que sugira o contrário ao fato de se tratar da melhor estimativa possível em uma zona de guerra, em meio a um conflito”.

Gaza está sob bombardeios israelenses há 21 dias. Na noite desta sexta-feira (27), Israel cortou o fornecimento de eletricidade e as comunicações do território costeiro. Grandes explosões foram reportadas perto de hospitais e áreas civis.

As ações israelenses são punição coletiva, crime de guerra e genocídio.

LEIA: URGENTE: Israel deixa Gaza no escuro, intensifica bombardeios

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