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Seguradoras de aviação cancelam cobertura a Israel e Líbano, segundo relatos

Bombardeios israelenses à aldeia de Zahajra, no sul do Líbano, em 16 de outubro de 2023 [Belal Kashmar/Agência Anadolu]

Seguradoras de aviação notificaram companhias de Israel e Líbano sobre o cancelamento de sua cobertura a incidentes de guerra, devido à escalada na região, reportaram três fontes da indústria com conhecimento de causa, segundo informações da agência Reuters.

Alguns dos seguros já foram revogados.

Em caso de conflitos de larga escala, seguradoras radicadas na Europa e nos Estados Unidos podem emitir um alerta de sete dias antes de cancelar sua cobertura ou alterar os termos e condições de seu contrato.

Seguradoras que prestam serviço às empresas israelenses El Al, Israir e Arkia confirmaram previamente o envio de tais notificações devido ao “conflito” entre as tropas da ocupação israelense e o grupo de resistência palestina Hamas.

Conforme as fontes, duas empresas — não especificadas — já receberam o alerta.

“O anseio das seguradoras de guerra para manter a cobertura aos riscos sem contrapartida adicional varia e algumas buscam rescindir sua cobertura, sobretudo em meio a notícias de que o governo israelense aprovou reforços de seguro”, comentou Bruce Carman, diretor da Hive Underwriters.

O comitê fiscal do parlamento israelense (Knesset) deferiu na semana passada um plano de US$6 bilhões para cobrir riscos de guerra às empresas aéreas nacionais.

As companhias El Al e Arkia não responderam à Reuters sobre as notificações, mas insistiram que o governo assegura a continuidade das operações. Um porta-voz da Israir negou receber o alerta — contudo, sem detalhes.

A companhia libanesa Middle East Airlines tampouco comentou os relatos.

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Empresas israelenses mantêm seus voos, em particular, para evacuação de pessoas e chegada de reservistas, apesar de boa parte das companhias estrangeiras decidirem cancelar pousos e saídas em Tel Aviv.

Companhias aéreas costumam empregar duas abordagens distintas: “risco geral”, que cobre danos regulares ao casco e aos passageiros; e “política de guerra”, que cobre perdas alusivas a conflitos ou atentados a aeronaves.

“Algumas seguradoras não permitiram ou não forneceram apoio a risco de guerra ou outros perigos relacionados a algumas operadoras”, confirmou Garrett Hanrahan, chefe de aviação da seguradora Marsh. “Essas empresas não têm experiência operacional sobre voos a Israel tampouco em condições de conflito como essa”, acrescentou.

Outra apreensão é que aeronaves sejam atingidas em solo. A Middle East Airlines anunciou na última semana que manterá cinco de seus 24 aviões na Turquia, após mísseis israelenses serem disparados ao sul do Líbano, sob pretexto de atacar o Hezbollah.

De acordo com duas fontes da indústria, companhias radicadas em outros países não sofrem de cancelamento do seguro, mas enfrentam outras restrições aos serviços na região, embora não haja, até então, adição nos preços.

Por exemplo, aviões podem ter de aguardar mais de três horas em Beirute ou Tel Aviv para decolar ou evitar reabastecer nesses aeroportos.

“As seguradoras querem atualizações regulares. Cada companhia aérea tem um perfil de risco diferente e, portanto, estratégias de mitigação distintas”, declarou um porta-voz da associação de clientes de aviação Airmic.

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Voos especiais para evacuação de Israel demandam “mudança material” nas políticas de aviação das empresas, com abono entre 0.05% e 0.1% dos valores segurados a tais voos, reportou uma fonte.

Conforme relatos, no entanto, alguns contratos podem envolver até 20 seguradoras, de modo que há um longo caminho para obter consenso.

A Norwegian Air cancelou um voo de evacuação na semana passada por falta de seguro para sobrevoar Tel Aviv; mais tarde, remarcou o voo de Eilat, no sul do território designado Israel.

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