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O que causou as enchentes na Líbia e por que foram tão devastadoras?

Vista da devastação em zonas de desastre depois que as enchentes causadas pela tempestade Daniel devastaram a região em Derna, Líbia, em 12 de setembro de 2023 [Abdullah Mohammed Bonja /Agência Anadolu].

Uma enchente catastrófica matou milhares de pessoas na cidade de Derna, no leste da Líbia, varrendo bairros inteiros com seus moradores e levando muitos corpos para o mar. Milhares de pessoas estão desaparecidas.

O que causou a enchente? 

Depois de castigar outros países do Mediterrâneo, a poderosa tempestade Daniel varreu a Líbia no fim de semana, liberando quantidades recordes de chuva ao atingir a terra firme.

A torrente despejada pela tempestade encheu o leito de um rio normalmente seco, ou wadi, nas colinas ao sul de Derna. A pressão foi demais para duas represas construídas para proteger a cidade de enchentes. Elas desmoronaram, liberando uma tromba d’ água que atravessou a cidade.

O chefe da Organização Meteorológica Mundial (OMM) disse, na quinta-feira, que as mortes poderiam ter sido evitadas se o país dividido, destruído por cerca de 12 anos de conflito e caos, tivesse um serviço meteorológico funcional capaz de emitir alertas.

LEIA: Mortos por enchentes na Líbia podem chegar a 20 mil pessoas

Em um trabalho de pesquisa publicado no ano passado, o hidrólogo Abdelwanees A. R. Ashoor, da Universidade Omar Al-Mukhtar da Líbia, disse que as repetidas inundações do leito sazonal do rio, ou wadi, eram uma ameaça para Derna. Ele citou cinco inundações desde 1942 e pediu medidas imediatas para garantir a manutenção regular das represas.

Qual é a gravidade dos danos?

Grandes partes da cidade – algumas autoridades dizem que um quarto ou mais – foram destruídas. Pelo menos 30.000 pessoas foram deslocadas, de acordo com a agência de migração da ONU.

As áreas mais afetadas estão ao longo das margens do wadi que corta o centro da cidade.

Aterros com bairros inteiros no topo foram destruídos ou levados pela água. A infraestrutura, incluindo as pontes da cidade, foi destruída.

A enchente arrancou árvores e destruiu centenas de carros, muitos virados de lado ou sobre o teto. Os jornalistas da Reuters viram um veículo preso na varanda do segundo andar de um prédio. Grande parte da cidade está coberta de lama.

O fornecimento de energia e água foi interrompido após a enchente. O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) informou na quarta-feira que a eletricidade havia sido parcialmente restaurada, juntamente com os serviços de internet.

Quantos mortos e desaparecidos? 

As autoridades informaram números diferentes de mortos e desaparecidos, mas todos estão na casa dos milhares. Em um dos maiores números citados até agora, o prefeito Abdulmenam Ghaithi disse a uma emissora que poderia haver de 18.000 a 20.000 mortos, com base no número de distritos atingidos.

Hichem Abu Chkiouat, Ministro da Aviação Civil da administração oriental, disse à Reuters que mais de 5.300 mortos foram contados até o momento, e que o número provavelmente aumentará significativamente, podendo até dobrar.

LEIA: Líbios procuram por suas famílias após inundação catastrófica

A OCHA disse, na quarta-feira, que as estimativas são de mais de 2.000 mortes e pelo menos 5.000 pessoas desaparecidas. A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC) disse na terça-feira que cerca de 10.000 pessoas estariam desaparecidas.

Quais são os desafios enfrentados pelas equipes de resgate? 

Os danos causados à infraestrutura, incluindo estradas e pontes, estão prejudicando seriamente os esforços de socorro, com todas as três pontes em Derna destruídas, disse a OCHA.

As autoridades líbias enfatizaram a necessidade de apoio para busca e resgate, e equipes de resgate chegaram do Egito, Tunísia, Emirados Árabes Unidos, Turquia e Catar.

As equipes de resgate pediram mais sacos para corpos. Com um grande número de corpos ainda a serem recuperados, o prefeito de Derna, Ghaithi, expressou medo de uma epidemia.

As autoridades líbias dizem que o país nunca enfrentou uma catástrofe dessa escala. Mas a resposta tem sido complicada por uma situação política fragmentada.

LEIA: Tempestade mediterrânea agrava problemas no leste da Líbia

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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