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Árabes em Israel são mais expostos a pobreza e mortalidade, confirma censo

Cidadãos árabes do Estado de Israel celebram o 47° Dia da Terra em Sakhnin, em 30 de março de 2023 [Samir Abdalhade/Agência Anadolu via Getty Images]

Cidadãos árabe-palestinos do Estado de Israel sofrem maior risco de pobreza e mortalidade precoce devido às políticas de apartheid do regime sionista, incluindo menor renda quando comparada a concidadãos judeus, confirmou um estudo publicado nesta segunda-feira (19) do Escritório Central de Estatísticas de Israel.

Intitulado “Lacunas entre árabes e judeus”, o relatório analisou diferenças nos dados demográficos no período de 2020 e 2021, incluindo padrão de vida, emprego, saúde, previdência, segurança e educação.

Segundo o censo: “A média de renda per capita, aceita como medida do padrão de vida, nos lares judaicos é 1.9 vezes maior que nos lares árabes”.

A renda por família é 51% maior para israelenses, apesar de as famílias árabes serem frequentemente maiores, o que resulta em uma diferença per capita de 89%.

A maior lacuna está no emprego, para o ano 2021. O desemprego entre os árabes chegou a 50% contra 36% entre os judeus. Em torno de 76.5% dos lares judeus conseguem arcar com as despesas, contra 53.7% dos lares palestinos.

“Na última década, as taxas de exposição à pobreza em Israel atingiram índices maiores do que em países da União Europeia, tanto na população geral quanto grupos vulneráveis, em particular, menores de idade, idosos e mulheres”, informou o relatório. “Entre os árabes, o risco de cair em miséria é 2.9 vezes maior do que entre os judeus”.

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Cidadãos palestinos de Israel – isto é, aqueles que permaneceram no país após a Nakba ou “catástrofe”, quando foi criado Israel, assim como seus descendentes – constituem 20% da população.

Dia da Nakba [Carlos Latuff/MEMO]

Além disso, de acordo com o censo, a mortalidade infantil é 2.5 vezes maior na comunidade árabe, com 5.2 mortes a cada mil nascimentos, contra somente duas fatalidades na mesma amostragem entre os judeus.

Homens israelenses vivem em média até os 81 anos de idade, consideravelmente acima dos 75 anos entre os palestinos.

Conforme o Conselho de Educação Superior de Israel, apesar do número de estudantes árabes dobrar nos últimos dez anos, a diferença ainda é enorme. Mais de um terço dos judeus israelenses possuem diploma universitário, contra 16% dos árabes.

Sharaf Hassan, presidente da Comissão de Acompanhamento para Educação Árabe, destacou à rede Ynet News: “Os dados são graves e mostram o sofrimento real e as dificuldades de vida da grande maioria da população árabe”.

“Mostram ainda que os sucessivos governos de Israel não conduziram esforços significativos para mudar essa realidade”, reiterou. “Precisamos mudar a política desde a base e construir programas adequados que reconheçam os direitos da população árabe e respondam a suas necessidades para reduzir as lacunas”.

Cidadãos palestinos do território considerado Israel enfrentam discriminação sistêmica e são tratados como cidadãos de segunda classe, sob uma política de supremacia judaica. Diversos grupos de direitos humanos condenam as práticas israelenses como apartheid.

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