clear

Criando novas perspectivas desde 2019

ONU resiste a pressão americana para fechar inquérito sobre crimes de Israel

21 de junho de 2023, às 15h55

Michele Taylor, embaixadora dos EUA no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em 11 de agosto de 2022 [Fabrice Coffrini/AFP via Getty Images]

A Organização das Nações Unidas (ONU) vem resistindo à pressão de um grupo chefiado por Washington para encerrar o mandato da Comissão de Inquérito de seu Conselho de Direitos Humanos, incumbido de investigar crimes de guerra e apartheid cometidos por Israel.

A embaixadora americana Michele Taylor expressou “profunda preocupação com o mandato sem prazo de encerramento” da comissão. Países como Áustria, Reino Unido, Canadá e Itália se juntaram ao coro contra as atividades, sob a alegação de “atenção desproporcional” dada a Tel Aviv.

A Comissão de Inquérito foi formada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2021, após as incursões do exército israelense à Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, no mês islâmico do Ramadã. Os ataques a Al-Aqsa foram sucedidos por bombardeios contra a Faixa de Gaza.

Ao menos 253 pessoas foram mortas, incluindo 66 crianças e 35 mulheres, durante 11 dias de ofensiva indiscriminada contra a população civil do território sitiado. Dois mil palestinos ficaram feridos, dezenas de milhares foram forçados a deixar suas casas.

LEIA: Franco-atiradores de Israel disparam contra jornalistas durante ataque a Jenin

Desde então, grupos supremacistas judaicos investiram contra propriedades palestinas, incitando repúdio internacional. Colonos compartilharam selfies com armas e legendas como “Hoje não somos judeus, somos nazistas”.

A escalada resultou na criação da Comissão de Inquérito, cujo mandato envolve investigar “todas as causas subjacentes das recorrentes tensões, instabilidade e conflito, incluindo a discriminação e repressão sistêmica contra identidades nacionais, étnicas e religiosas”.

Desde então, o órgão divulgou diversos relatórios, com denúncias graves contra Israel.

A ocupação opõe-se veementemente à iniciativa e buscou difamar relatores como “antissemitas”.

Membros da Comissão de Inquérito responderam à pressão de Taylor em uma coletiva de imprensa realizada em Genebra nesta terça-feira (20).

“Gostaríamos de ver o fim da ocupação … mas até que isso ocorra nosso mandato é mais do que justificado”, destacou Miloon Kothari, um dos relatores.

LEIA: Menina de Jenin morre de seus ferimentos após ataque de Israel