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Obras coloniais na Cisjordânia não impedem a paz, alega Netanyahu

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, durante reunião semanal de seu gabinete de governo, em Jerusalém ocupada, 19 de março de 2023 [Abir Sultan/AFP via Getty Images]

O premiê israelense Benjamin Netanyahu, insistiu em entrevista publicada nesta sexta-feira (9) que a construção de novos assentamentos exclusivamente judaicos na Cisjordânia ocupada não representam um obstáculo à “paz” com os palestinos.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Suas declarações foram vistas como um teste às relações entre Washington e seu maior aliado regional. A Casa Branca condena virtualmente a expansão dos assentamentos – ilegais segundo o direito internacional.

A maioria dos países – assim como os palestinos nativos – considera tais obras como empecilho a um Estado palestino viável e independente. Os assentamentos cortam o território ocupado e isolam comunidades em bantustões.

Em entrevista à rede Sky News, Netanyahu, contudo, rotulou como “inverdade” que as colônias sejam um impeditivo à paz, ao alegar que o recente retorno de colonos a assentamentos então evacuados não viola qualquer compromisso com a gestão de Joe Biden.

“A ideia de que judeus não deveriam viver em sua terra ancestral, nossa pátria há três mil anos, este é o obstáculo para a paz”, declarou Netanyahu.

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A tese se alicerça a propaganda colonial do movimento sionista desde suas origens, no século XIX, quando dizia “uma terra sem povo para um povo sem terra”. Historiadores, arqueólogos e filólogos, todavia, confirmam que a presença palestina contínua remete a quatro mil anos.

A Cisjordânia foi ocupada por Israel em 1967. A Autoridade Palestina (AP) exerce governança limitada na região. Os habitantes árabes nativos vivem sob ocupação militar e agressão regular de colonos e soldados de Israel.

Segundo relatório do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, cerca de 700 mil colonos ilegais vivem em 279 assentamentos nas terras ocupadas da Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Trata-se de um salto considerável em relação aos 520 mil colonos de 2012.

Desde sua posse em janeiro, a aliança de extrema-direita de Netanyahu aprovou sete mil novas unidades coloniais no interior da Cisjordânia, além de uma emenda legislativa para possibilitar o retorno de colonos a quatro assentamentos então evacuados.

“Israel busca enganar o público, como se os assentamentos ilegais não fossem impostos a terras pertencentes ao povo palestino”, reagiu Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abbas, em entrevista à Reuters.

“Se o governo [de Netanyahu] realmente quer uma paz duradoura, deve reconhecer e respeitar as resoluções internacionais com base na solução de dois estados”, acrescentou.

Na mesma entrevista, Netanyahu afirmou que normalizar laços com a Arábia Saudita “mudaria a história”. A monarquia, no entanto, condiciona o relacionamento a um Estado palestino.

Sobre o Irã, Netanyahu insistiu que os esforços diplomáticos para frustrar seu programa nuclear só serão eficazes caso acompanhados de “ameaça militar” e que Israel “fará todo o preciso para se defender [sic]”.

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