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Ben-Gvir luta contra própria coalizão em Israel para cumprir promessas eleitorais

Ministro da Segurança Nacional de Israel Itamar Ben-Gvir em 24 de janeiro de 2023 [Saeed Qaq/Agência Anadolu]

Uma reportagem publicada pelo jornal em hebraico Israel Hayom nesta terça-feira (11) lançou luz sobre a luta travada por Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional e líder do partido extremista Otzma Yehudit (Poder Judaico), para cumprir suas promessas eleitorais.

Durante a campanha do último ano, Ben-Gvir prometeu fortalecer os assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada, mudar a abordagem sobre a pasta de segurança e implementar mudanças radicais no sistema policial e judicial israelense.

Segundo a reportagem, “A luta que envolve Ben-Gvir é semelhante àquela da Lista Árabe Unida durante o governo anterior, que a forçou a suspender sua presença na coalizão de governo, na época”. A Lista Árabe Unida é um bloco legislativo da minoria árabe que aliou-se com o então premiê Yair Lapid para derrotar o incumbente atual Benjamin Netanyahu.

“A Lista Árabe Unida não conseguiu cumprir as promessas que fez a sua comunidade; o partido de Ben-Gvir tampouco conseguiu alcançar qualquer de suas promessas no governo de direita formado há vários meses sob a liderança de Netanyahu”, observou a reportagem.

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“Ben-Gvir e seus colegas do partido amargam a dura realidade de que não é fácil cumprir suas promessas eleitorais; muitas vezes, encontram barreiras de segurança pública, do Ministério das Finanças, de consultores jurídicos do governo e do próprio primeiro-ministro”.

Na última semana, diante da insatisfação de colonos com a resposta do governo a disparos de foguetes de Gaza, Líbano e Síria, após uma invasão israelense à Mesquita de Al-Aqsa, Ben-Gvir sugeriu a possibilidade de renunciar ao cargo e apoiar Netanyahu de uma posição externa.

A reportagem, no entanto, contestou as intenções do ministro e deputado de extrema-direita: “Ben-Gvir jamais considerou renunciar à coalizão de governo, mas se afastou das votações no Knesset [parlamento] para votar somente nas leis que seu partido considera adequadas; ainda assim, mantém apoio ao governo contra moções de oposição e em questões orçamentárias, a fim de não arrastar Israel para novas eleições”.

Caso o governo israelense entre em colapso, serão as sextas eleições gerais no país em menos de cinco anos. O atual gabinete extremista de Benjamin Netanyahu se formou após implodir a frágil coalizão construída para derrotá-lo. É o terceiro mandato de Netanyahu, líder do partido Likud e mais longevo premiê da história de Israel.

A posição de Netanyahu

Segundo a reportagem, “o ministro israelense debateu a conjuntura com pessoas próximas de seu partido e decidiu permanecer no governo, embora ainda emita advertências ao gabinete no atual momento”. Netanyahu se opõe à saída de Ben-Gvir do governo, sob o argumento de que isso levará à dissolução do gabinete.

O jornal em hebraico reiterou que “o dilema de Ben-Gvir gira sobretudo em torno da pasta de segurança, que precisamente levou a sua eleição. Ben-Gvir está ciente das críticas direcionadas a ele pelo eleitorado de direita sobre suas falhas na matéria”.

O parlamentar extremista insiste na capacidade de cumprir suas promessas eleitorais, incluindo ao reforçar a política de assassinatos contra líderes da resistência palestina. “Porém, costuma se encontrar como voz solitária no gabinete, diante das autoridades de segurança, do ministro da Defesa, Yoav Gallant, e mesmo de Netanyahu”.

Guarda Nacional pode servir a um golpe de de Ben-Gvir, alerta ex-chefe de polícia [Sabaaneh/MEMO]

Conforme os relatos, “a falta de influência é a principal causa de frustração dentro da coalizão de governo; apesar disso, há duas coisas que mantêm Ben-Gvir no gabinete de Netanyahu: a primeira das quais é a Guarda Nacional”.

Ben-Gvir insiste em estabelecer sua “Guarda Nacional”, uma entidade paramilitar sob controle direto de seu ministério, ao remover poderes coloniais das instituições estabelecidas. Analistas alertam para os riscos da medida, incluindo a possibilidade de um golpe de estado.

“O ministro da Segurança Nacional vê a Guarda Nacional como um projeto pioneiro para reaver a defesa dos cidadãos israelenses e um grande feito para si próprio”, observou a reportagem.

Ben-Gvir aguarda agora os resultados do comitê parlamentar incumbido de debater condições e prerrogativas da nova instituição repressiva, incluindo se será estabelecida sob a supervisão da polícia ou sob gestão de seu ministério.

A segunda questão, de acordo com o Israel Hayom, alude ao fato de que Ben-Gvir não deseja derrubar o atual governo de extrema-direita. A tese de que a queda de Netanyahu levaria a um governo de esquerda com presença árabe “une as fileiras da coalizão, mesmo nos momentos mais difíceis”.

“Relatos indicam que, mesmo que Ben-Gvir não obtenha uma grande conquista para vender a seus eleitores, não assumirá a responsabilidade por dissolver o governo”, concluiu o texto.

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