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Homenagem aos árabes: uma luz no Centro de São Paulo

Obra que celebra a imigração árabe no Brasil foi realizada pelo artista Kleber Pagú, na fachada do Edifício Garagem Automática Senador, no Centro de São Paulo, e concluída em 25 de janeiro [Felipe Birdun]

Uma escultura de arabesco de 441 metros quadrados foi instalada a 70 metros de altura na fachada do Edifício Garagem Automática Senador, que teve seus 2.000 metros quadrados pintados com tinta dourada, além de luzes que fazem o prédio brilhar à noite e iluminar o Centro Histórico de São Paulo, quase na esquina da Rua 25 de Março com a Senador Queirós.

A obra Ahlan, produzida em homenagem à imigração árabe no Brasil, foi concluída por Kleber Pagú em 25 de janeiro, no dia do aniversário da cidade de São Paulo. O arabesco está concorrendo ao Guinness World Records de maior arabesco do mundo em formato de escultura, com 21 metros de diâmetro. Ahlan significa bem-vindo em árabe. A arte também homenageia os 70 anos da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, completos no ano passado.

A escultura foi feita em EPS, um tipo de isopor coberto por uma rede de fibra de vidro, selado com cimento e argamassa e chumbado na fachada do prédio. O arabesco chegou dividido em 160 peças, mas eram tão grandes que ultrapassavam a altura das pessoas trabalhando no projeto. Então, Pagú teve que cortar algumas delas para poder trabalhar melhor. As 160 peças se transformaram em 240 peças de um quebra-cabeças gigante que foi montado nas alturas.

“Enviamos imagens e dados para o Guinness [World Records] e estamos no processo, enviando documentos conforme vão pedindo”, disse Pagú à reportagem da ANBA. Se houver o reconhecimento, o artista disse que pedirá que o juiz do Guinness World Records faça a avaliação da obra no dia25 de março, dia da Comunidade Árabe em São Paulo. “Seria a data perfeita para coroar essa obra. A expectativa é muito positiva”, declarou.

O trabalho foi iniciado em julho de 2022 e terminou em janeiro de 2023. Foram 3 mil horas trabalhadas em cerca de 75 noites, sendo cinco pessoas por noite, todos profissionais de rapel. A operação foi noturna, sempre das 19 horas às 02 horas, porque o edifício garagem funciona normalmente como estacionamento durante o dia.

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A equipe completa foi formada por um artista, duas produtoras culturais, um engenheiro, três arquitetos, 11 artistas auxiliares, um bombeiro, um instrutor de rapel, um conteudista, dois cinegrafistas, um contador e um advogado, além de dois drones para filmar o making of do monumento.

Para o resultado dourado da fachada, foram utilizados 369 litros de fundo preparador na cor preta, 850 litros de tinta especial dourada e 425 litros de verniz. A iluminação fica por conta de 33 refletores de Led amarelo quente que alumiam os 88 metros de altura do edifício.

“É como um Taj Mahal no Centro de São Paulo. Acende, ilumina o Centro da cidade. A cor dourada remete ao ouro não somente no sentido da moeda, mas também no valor das contribuições árabes para São Paulo e para o Brasil. O ouro também resiste ao fogo, então fala sobre a resiliência do imigrante árabe. Mesmo eu não sendo árabe, vejo [a obra] como uma luz no Centro de São Paulo. Foi um trabalho monumental”, disse Pagú.

O artista tem ainda um projeto de lei em tramitação na Câmara dos Vereadores de São Paulo que institui a cidade como uma galeria de arte a céu aberto, com polos, ou conjuntos de obras, em diversas partes da cidade. O conjunto de obras da região da Rua 25 de Março, no Centro, seria chamado de Ahlan, o nome da obra.

O presidente da Câmara Árabe, o embaixador Osmar Chohfi, disse que “o objetivo da obra é prestar homenagem de grande visibilidade à imigração árabe no Brasil, além de embelezar a cidade de São Paulo”. Para Chohfi, o termo Ahlan foi utilizado para nomear a obra como forma de agradecimento à forma calorosa e amistosa com que a comunidade árabe foi recebida no Brasil. “Remete a essa acolhida tão fraternal”, disse o embaixador.

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Como representante da família árabe que administra o edifício garagem, Heloísa Abreu Dib disse que estão todos muito orgulhosos e que agora, ela e Pagú estão buscando patrocínio para a realização das obras nas outras três empenas do prédio. A obra só será considerada um monumento quando as quatro empenas estiverem concluídas.

Dib também tem o projeto de levar um café ou restaurante para a cobertura do edifício, que tem uma vista única da cidade. “Estou super orgulhosa com a conclusão da obra. Agora, temos a oportunidade de oferecer esse monumento para a cidade de São Paulo”, disse Dib. O projeto completo da obra faz homenagens à cultura árabe.

Com patrocínio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e parceria das certificadoras CDIAL Halal e Fambras Halal, a obra fica na fachada do Edifício Garagem Automática Senador, próximo à esquina da Rua 25 de Março com a Senador Queirós. A curadoria do projeto é de Fernanda Bueno, que realizou a pesquisa com Heloísa Abreu Dib. O projeto é da Axé no Corre Produções, empresa de Pagú e Bueno.

Publicado originalmente em Anba

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