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Israel bombardeia Gaza, resistência dispara foguetes após chacina em Jenin

Israel realizou novos ataques aéreos contra a Faixa de Gaza sitiada na madrugada de sexta-feira (27), dando sequência a seu projeto de limpeza étnica e punição coletiva, após o sistema Domo de Ferro interceptar foguetes improvisados da resistência palestina, disparados em resposta ao massacre em Jenin, na Cisjordânia ocupada, na madrugada anterior.

Aviões de guerra israelenses lançaram ao menos 15 mísseis contra o campo de refugiados de al-Maghazi, no centro de Gaza, danificando propriedades e resultando em um blecaute na região, reportou a agência Wafa. Aeronaves também atearam fogo e destruíram dois outros lugares, no norte e sudeste do território.

A ofensiva recorreu ao pretexto de foguetes disparados de Gaza em direção a Israel – isto é, ao território ocupado durante a Nakba (“catástrofe”) em 1948, quando foi criado o estado sionista às custas da população nativa.

Conforme o jornal Haaretz, logo antes da meia-noite, dois foguetes deixaram o enclave e foram interceptados pelo Domo de Ferro.

Às 4 horas da madrugada, três outros foguetes foram lançados, um dos quais anteparados pelo Domo de Ferro; os outros dois caíram em Gaza e em um espaço aberto no sul de Israel.

Durante ato em Gaza, nesta sexta-feira (27), líderes do movimento de Jihad Islâmica assumiram responsabilidade pelos foguetes retaliatórios.

Não há confirmação de baixas ou feridos em quaisquer dos lados.

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“Grupos terroristas em Gaza sofreram um golpe nesta noite das Forças de Defesa de Israel [FDI], sob uma série de ataques”, afirmou Yoav Gallant, ministro da Defesa do estado sionista, em sua página do Twitter.

“Instruí nossas forças de segurança a se preparar para agir, com medidas ofensivas contra uma variedade de alvos qualitativos, caso seja necessário manter ações até que se restaure a paz aos cidadãos de Israel”, acrescentou Gallant.

Massacre em Jenin

A ofensiva a Gaza sucede em apenas um dia uma invasão militar israelense contra o campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, que deixou nove palestinos mortos e 20 feridos.

Soldados pesadamente armados adentraram no local nas primeiras horas da manhã de quinta-feira, com alvo demarcado em um edifício utilizado como ponto de encontro pelos residentes.

“O que lhes ocorreu é um crime contra a humanidade”, destacou Osama Mansour (55), ativista local, à rede Middle East Eye. “É um crime de várias facetas, que inclui não apenas o assassinato de nossas crianças, como a agressão contra civis e a destruição de propriedades”.

Mais tarde, ainda na quinta-feira, outro palestino foi morto quando forças israelenses atiraram munição real contra manifestantes em al-Ram, ao norte de Jerusalém ocupada.

O presidente da Autoridade Palestina (AP) Mahmoud Abbas declarou três dias de luto nacional, a começar nesta sexta. Seu gabinete descreveu a agressão a Jenin como “massacre do governo israelense à sombra do silêncio internacional”.

O governo de Abbas, após reunião de emergência da cúpula de seu partido Fatah e do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), voltou a prometer o fim de sua política de cooperação de segurança com Israel, em resposta aos assassinatos.

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Os últimos ataques – incluindo a chacina a Jenin – elevaram o número de palestinos mortos por Israel, somente neste ano, desde 1° de janeiro, a 30 vítimas, incluindo ao menos seis crianças.

Neste período, campanhas de prisão realizadas quase sempre durante a madrugada varreram a Cisjordânia ocupada, resultando em letalidade. Os principais alvos são Nablus e Jenin, onde Tel Aviv busca reprimir uma emergente resistência armada entre a juventude local.

Conforme dados compilados pelo Middle East Eye, forças israelenses mataram mais palestinos na Cisjordânia ocupada em 2022 do que em qualquer ano desde a Segunda Intifada, entre 2000 e 2005. No ano passado, foram 220 mortos, incluindo 48 crianças.

Das mortes totais, ao menos 167 ocorreram em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia; outras 53 fatalidades em Gaza. Jenin conta sozinho com 55 destes mortos – maior índice entre as regiões da Palestina ocupada.

 Este artigo foi publicado originalmente em inglês pela rede Middle East Eye.

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