Portuguese / English

Middle East Near You

Premiê palestino denuncia Israel por roubar 600 milhões de m³ de águas subterrâneas

Primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP) Mohammad Shtayyeh, em 6 de fevereiro de 2022 [Presidência Palestina/Agência Anadolu]

O Primeiro-ministro da Autoridade Palestina (AP) Mohammad Shtayyeh denunciou Israel, neste domingo (27), por expropriar ao menos 600 milhões de metros cúbicos de águas subterrâneas, dos 800 milhões disponíveis ao território árabe, ao desviar os recursos a assentamentos ilegais.

O premiê fez seu comentário durante a 4ª Conferência Árabe para Recursos Hídricos, realizada pelo Estado da Palestina, sob o título “Segurança Hídrica: Vida, Desenvolvimento e Paz”.

Shtayyeh reafirmou que dois terços das águas subterrâneas da Cisjordânia ocupada são usadas em Israel, ao iterar que o israelense médio consome 430 litros de água diariamente, enquanto cada palestino pode consumir 72 litros – muito abaixo da média global de 120 litros por dia.

“Estamos lutando por nossos recursos hídricos e esta conferência serve para abrir os olhos por mais cooperação árabe no setor”, insistiu Shtayyeh.

Conforme o premiê, a Autoridade Palestina está implementando uma “estratégia de cultivo de água”, ao lançar o projeto da barragem de Wadi Al-Far’a, além de promover grandes obras para usinas de dessalinização em Gaza, sob financiamento da União Europeia e outros doadores.

LEIA: Abbas pede fim do saque de água palestina por Israel

O premiê alegou que seu gabinete – desde a posse, há três anos e meio – investiu em torno de US$500 milhões em projetos de saneamento e água e agradeceu seus parceiros internacionais por financiar o “setor estratégico”.

Shtayyeh advertiu, no entanto, que o Mar Morto está ameaçado de secar até 2044, devido às ações predatórias de Israel, incluindo ao desviar o fluxo de água e esgotar seus recursos, dentre os quais, sais e minerais extraídos por corporações em benefício da ocupação.

“A água no mundo árabe é uma questão política e econômica que demanda visão estratégica”, declarou Shtayyeh. “Nosso país enfrenta um grave desafio de escassez e roubo de recursos”.

O premiê observou que a questão hídrica é um componente majoritário no conflito entre Israel e Palestina, ao reafirmar que assentamentos ilegais de caráter agropecuário buscam controlar a totalidade dos recursos desde a fonte.

“Apesar da importância de soluções tecnológicas à crise hídrica, isso não substitui o respeito a nossos direitos hídricos conforme a lei internacional, com intuito de preencher a lacuna entre a disponibilidade de água e a necessidade crescente da população”, concluiu Shtayyeh.

LEIA: Israel planeja construir 9.000 unidades de assentamento onde havia aeroporto palestino

Categorias
IsraelNotíciaOriente MédioPalestina
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments