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‘Catar dá tapa na cara da FIFA e do Ocidente’, alega jornalista israelense

Estádio Al Bayt antes da partida entre Inglaterra e Estados Unidos, pela Copa do Mundo FIFA, em Al Khor, Catar, 25 de novembro de 2022 [Eddie Keogh/FA via Getty Images]

Jackie Khoji, repórter israelense do periódico em hebraico Maariv, alegou que seus concidadãos estão chocados com a resiliência do Catar durante a Copa do Mundo FIFA de 2022. A proibição na venda de álcool nos estádios, por exemplo, surpreendeu torcedores ocidentais, insistiu Khoji em seu artigo.

“O que estavam pensando, esses beduínos?”, indagou o jornalista. “Eles deram um tapa na cara da FIFA e do Ocidente. A Budweiser, que pagou US$75 milhões para vender cerveja nas arenas, foi gravemente prejudicada”.

Conforme Khoji, o próprio Catar recordou o Ocidente “hedonista” do conhecido provérbio: “Em Roma, faça como os romanos”; neste caso, o Catar tornou-se Roma. “Não tem nada a ver com a religião. É um ato político, ao usar o Ocidente como saco de pancadas”.

Khoji observou que Doha queria mostrar ao mundo não apenas êxito em gerir o enorme evento esportivo, mas também em projetar valores modernos ao mundo árabe e islâmico.

“O Catar quis prover confiança a seus residentes e crentes em todo o mundo, muitos dos quais temiam ver práticas banidas durante as partidas e pessoas da comunidade LGBT+ em seu país”, argumento o artigo. “Ao proibir o consumo de álcool, o Catar disse ao público islâmico que não há razão para temer e que está entre aqueles que preservam seus valores confiados por Deus e Seu Mensageiro”. Ao fazê-lo, o regime catariano se posicionou como guardião do Islã.

“Caso permitisse o álcool, muçulmanos poderiam vê-lo como um regime ocidentalizado, capaz de vender seus princípios morais a baixo custo para ser aceito pelas potências globais”, reiterou o jornalista. “Esta posição como estado islâmico com uma postura resoluta contra um Ocidente poderoso e prepotente fortalece sua posição teológica contra guardiões mais tradicionais da fé islâmica, como Arábia Saudita, Turquia e Irã”.

Khoji reafirmou que a Federação Internacional de Futebol (FIFA) e patrocinadores foram pegos de surpresa pelas ações do Catar. “O que a FIFA poderia fazer dois dias antes do torneio? Quem entre milhões de fãs cancelaria sua viagem por causa disso? Trata-se de uma audiência cativa”.

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