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Ex-chanceler do Líbano busca presidente de consenso, deixa porta aberta a sua candidatura

Ex-chanceler libanês Gebran Bassil em 26 de novembro de 2019 [Attila Kisbenedek/AFP via Getty Images]

Gebran Bassil, ex-chanceler libanês e político de destaque, declarou nesta quinta-feira (17) que busca um candidato de meio-termo à presidência, capaz de promover reformas essenciais, mas que ele próprio concorreria ao cargo caso o candidato fosse uma “opção ruim”.

As informações são da agência de notícias Reuters.

O Líbano carece de chefe de estado e sequer um gabinete de governo estabelecido desde 31 de outubro, quando expirou o mandato do presidente Michel Aoun. O vácuo não tem precedente, mesmo para os padrões da instável política libanesa.

O vazio nos poderes marca ainda uma nova escalada à crise que assola o Líbano desde o colapso de seu sistema financeiro, em 2019, processo que levou boa parte da população à situação de miséria, paralisou bancos e investimentos e alimentou o maior êxodo desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.

A presidência é reservada a um cristão maronita, como parte do sistema sectário do Líbano. No entanto, parte do impasse reflete rivalidades da própria comunidade.

“Sou chefe do maior bloco parlamentar e é meu direito me candidatar [à presidência], mas vejo a existência do Líbano como algo muito mais importante que isso e é a existência do Líbano que está em jogo”, declarou Bassil em entrevista à Reuters.

“Tomei a decisão de não me apresentar ao pleito para evitar a vacância prolongada e facilitar o processo de obtenção de um bom perfil, com alta probabilidade de sucesso”, acrescentou. “Meu objetivo, portanto, jamais foi estender a vacância tampouco consagrar uma opção ruim para preencher a lacuna”.

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“Não aceitarei um presidente ruim e, neste caso, naturalmente, devo concorrer”, advertiu.

Bassil é chefe do Movimento Livre Patriota, fundado por seu sogro e ex-presidente, Aoun. O ex-ministro sofreu sanções dos Estados Unidos em 2020 por suposta corrupção e apoio material ao movimento xiita Hezbollah – ligado a Teerã. Bassil nega as acusações.

Políticos libaneses parecem não recuar na luta por poder. Fontes políticas e analistas observam que a escolha do presidente deve requerer, portanto, uma espécie de mediação externa, como ocorreu antes em impasses anteriores no país.

Neste contexto, Bassil viajou a Paris como parte de um esforço para criar consenso doméstico e internacional e atenuar a crise, que envolve tanto a escolha de um presidente libanês quanto a aprovação de reformas econômicas obstruídas sucessivamente no passado recente.

A França decidiu encabeçar esforços estrangeiros para resgatar sua ex-colônia do colapso fiscal, ao estipular como requisito uma série de reformas; contudo, sem aval.

Bassil voltou ao centro da arena política por supostamente exercer um papel de bastidores nas negociações mediadas por Washington sobre as fronteiras marítimas entre Líbano e Israel. O ex-chanceler foi creditado por convencer o Hezbollah a acatar o acordo.

Bassil reafirmou ainda ter esperanças de um consenso sobre a presidência seja alcançado até o fim do ano, embora mesmo esta protelação seja “perigosa” na conjuntura atual.

“Francamente, se o que tentamos fazer não obtiver êxito, não vejo qualquer chance de que seja resolvido em breve e a vacância deve perdurar”, concluiu Bassil. “O país não suporta isso; temos de encontrar alguma solução”.

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