Portuguese / English

Middle East Near You

Líbano continua sem presidente, quinta votação no parlamento mantém impasse

Sessão parlamentar que recomendou Najib Mikati como premiê libanês, em Beirute, 3 de novembro de 2022 [Houssam Shbaro/Agência Anadolu]

O parlamento libanês fracassou nesta quinta-feira (10), pela quinta vez consecutiva, em eleger um novo presidente da república.

O congressista independente Michel Moawad foi o mais votado, com 44 votos; no entanto, não obteve os dois terços necessários – isto é, 86 votos – para vencer.

O presidente da câmara Nabih Berri marcou a próxima sessão para 18 de novembro.

O novo fracasso do parlamento em escolher um chefe de estado deve agravar a situação em um país assolado pelo colapso socioeconômico e por sucessivos impasses políticos, onde os prazos constitucionais são raramente respeitados.

“Os partidos trocam acusações de obstrução”, advertiu Elias Bou Saab, membro do Movimento Livre Patriota e vice-presidente da câmara, em entrevista à rede de notícias AFP. “Cada partido quer seu candidato. Seria preciso um pensamento diferente para alcançar algum entendimento sobre alguém, que seja aceito pelo menos por dois terços da assembleia”.

LEIA: PIB do Líbano caiu 40% desde 2018, aponta FMI

Michel Aoun – presidente que deixou o cargo em 30 de outubro – foi eleito após vacância de 29 meses, entre 2014 e 2016. Somente em 31 de outubro de 2016, Aoun foi empossado como 13° presidente do país, para um mandato de seis anos.

Aoun presidiu o Líbano durante uma das piores crises econômicas em séculos, segundo o Banco Mundial, além da enorme explosão que devastou o porto de Beirute, abalou a capital e limitou severamente a capacidade de importação do país.

O premiê em exercício Najib Mikat prometeu que a presidência não seguirá vacante, ao insistir que o vácuo no poder prejudica a vida constitucional e impede a recuperação da economia. Em evento realizado em Beirute, Mikat acusou obstrutores de “paralisar abertamente o estado”, em detrimento dos interesses nacionais e de seus cidadãos.

Mikati iterou seu apelo às forças políticas para “escolher um novo presidente e formar um novo governo, de maneira célere, capaz de proteger o país e preservar o estado”.

O primeiro-ministro afirmou previamente à agência Reuters que o Líbano ainda possui uma janela para assinar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), estimado em torno de US$3 bilhões, apesar do persistente vácuo de poder.

Desde 2019, o Líbano enfrenta uma crise econômica sem precedentes, que levou a recordes de desvalorização da moeda, além da escassez de remédios e combustíveis e queda vertiginosa do poder de compra de seus cidadãos.

Segundo o Artigo 49 da Constituição, o presidente – cristão maronita, sob o sistema sectário do Líbano – deve ser eleito em um único turno por maioria de dois terços dos parlamentares.

Categorias
LíbanoNotíciaOriente Médio
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments