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Dossiê exige pedido de desculpas de Londres por crimes coloniais na Palestina

Soldados britânicos patrulham acesso a Jerusalém ocupada, em 29 de novembro de 1947 [STR/AFP via Getty Images]

Um dossiê de 300 páginas, contendo evidências de crimes e atrocidades executados por forças britânicas na Palestina histórica, foi encaminhado ao atual governo em Londres. O documento é parte de uma petição que quer reconhecimento formal dos crimes cometidos durante o período de colonização britânica na Palestina, entre 1917 e 1948.

As evidências compreendem detalhes de práticas desumanas herdadas pela ocupação israelense, dentre as quais: execuções sumárias, tortura, uso de escudos humanos e demolição de edifícios civis como forma de punição coletiva.

Segundo a BBC, boa parte das violações foram realizadas sob diretrizes oficiais do Reino Unido na ocasião, com consentimento do alto comando.

Exemplos das atrocidades abarcam a chacina na aldeia de al-Bassa, norte da Palestina histórica, perto da fronteira com o Líbano. Em 1938, no ápice da revolução popular contra o Reino Unido, residentes foram cercados, forçados a entrar em um ônibus e dirigir a uma mina terrestre, cuja explosão matou todos os passageiros.

Um policial britânico fotografou a cena, enquanto mulheres tentavam resgatar partes mutiladas dos corpos de seus entes queridos, enterradas às pressas em uma cova coletiva.

Dia da Nakba 1948 [Carlos Latuff/Monitor do Oriente Médio]

Evidências de outro crime incluem imagens de palestinos cercados por arame farpado sem água ou comida. Testemunhos de aldeões e soldados detalham a invasão armada de residências civis. Na ocasião, ao menos 150 homens foram reunidos detrás de uma mesquita e encarcerados em gaiolas de arame farpado a céu aberto; muitos faleceram.

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O pesquisador Matthew Hughes, especialista em história militar, descreveu os crimes britânicos na Palestina histórica como “violentos e espetaculosos”. O Reino Unido introduziu um sistema de “pacificação diária … fundamental em reprimir cumulativamente os palestinos”, corroborou Hughes. As práticas compreendem restrição de movimento, toque de recolher, expropriação de propriedades ou colheitas, detenção arbitrária e trabalho forçado.

“Todo o país se tornou uma espécie de prisão”, prosseguiu o historiador, autor do livro Britain’s Pacification of Palestine (A pacificação britânica da Palestina, em tradução livre).

O pedido por desculpas formais foi retomado por Munib al-Masri, de 88 anos, empresário e ex-político palestino – baleado por soldados britânicos quando era um menino, em 1944.

“O papel do Reino Unido me afetou bastante porque eu vi o abuso sofrido pelas pessoas … Não tínhamos qualquer proteção, ninguém para nos defender”, reafirmou al-Masri à rede BBC, de sua casa em Nablus, na Cisjordânia ocupada.

Moreno Ocampo, ex-promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), radicado em Haia, e Ben Emmerson, advogado britânico e ex-relator de direitos humanos e contraterrorismo da Organização das Nações Unidas (ONU), foram indicados por al-Masri para analisar as provas.

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