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Regime sírio expropria fazendas de refugiados em Idlib

Crianças sírias em um campo de refugiados de Idlib, na Síria, em 4 de agosto de 2022 [Izzeddin Kasim/Agência Anadolu]

O regime sírio do presidente Bashar al-Assad mantém sua política intensiva de expropriação de terras agrárias de famílias deslocadas pela guerra civil, ainda em curso, segundo informações da agência de notícias Anadolu.

Fontes na província de Idlib, no noroeste do país, confirmaram a tomada de terras pertencentes a refugiados do conflito por forças do regime. Os principais lotes expropriados estão localizados nas cidades de Maarat al-Numan, Abu al-Duhur e Khan Sheikhoun e seus arredores.

As áreas em questão foram capturadas de forças oposicionistas nos primeiros meses de 2019.

O Ministério da Agricultura da Síria insiste que o objetivo é cultivar as terras expropriadas em favor de refugiados que retornam ao país. Segundo o jornal Al-Watan, o governador provincial de Idlib, Thaer Salhab, ligado ao regime federal, corroborou que as terras serão disponibilizadas a investimentos privados por meio de leilões públicos.

Segundo Damasco, as terras apreendidas podem ser devolvidas às famílias deslocadas pelos 11 anos de guerra após ser regularizado o status daqueles que retornam.

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Um fazendeiro deslocado de Maarat al-Numan, no entanto, afirmou ao website Orient Net que o principal objetivo da política de apropriação de terras ausentes é constranger os refugiados a regressarem ao país. Não obstante, expressou ceticismo sobre a devolução das terras.

“Como podemos retornar quando a maioria das pessoas das cidades em questão sabem que seu destino é morte ou, na melhor das hipóteses, anos e anos de prisão, cujo tempo só Deus sabe? Quanto a nossas terras, perdê-las é duro, mas as terras pertencem a seus donos, não importa quanto tempo passe”, reiterou a fonte.

O advogado sírio Muhannad al-Adwan argumentou que, embora a pressão sobre o retorno seja parte dos objetivos, trata-se de algo secundário, dado que muitos proprietários são procurados pelo regime e não devem regressar a suas terras. O principal intuito, portanto, é tomar proveito direto de propriedades produtivas.

O leilão de lotes apreendidos via agências imobiliárias ligadas a milícias situacionistas é também um negócio lucrativo, por meio da aquisição de terras de refugiados ausentes a baixo custo e subsequente repasse superfaturado.

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