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Cristãos palestinos são ‘aterrorizados’ por soldados de Israel em ataque a igreja

Serviço de Natal Ortodoxo realizado na Igreja da Natividade em Ramallah, Cisjordânia, em 6 de janeiro de 2021. [Issam Rimawi - Agência Anadolu]

A Igreja Episcopal em Jerusalém e no Oriente Médio condenou um ataque “flagrante” a sua igreja em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, por soldados da ocupação israelense. O ataque não anunciado e injustificado às instalações da Igreja Anglicana/Episcopal de Santo André foi conduzido por soldados israelenses nas primeiras horas de quinta-feira da semana passada (18), por volta das 3h, horário local.

Os soldados quebraram a fechadura da porta e o vidro de segurança. Durante duas horas, ocuparam todo o complexo, que inclui o santuário da igreja, o salão paroquial, os escritórios da igreja, a reitoria e o Centro Médico Episcopal Árabe.

Em uma declaração, a Igreja Episcopal disse que a comunidade cristã que vive dentro do complexo da igreja se sentiu insegura durante o ataque. “O som de tiros, granadas de efeito moral e o esmagamento de portas aterrorizaram as famílias que moravam lá”, disse.

Foi revelado mais tarde que o foco do ataque eram os escritórios de ongs palestinas que alugam espaço no complexo da igreja, incluindo a organização de direitos humanos Al-Haq. Em outubro do ano passado, Al-Haq foi uma das seis ongs taxadas como “organização terrorista” pelo governo israelense, uma medida que foi criticada pelo Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Refutando a alegação israelense, a CIA e vários países europeus concluíram que não há evidências para apoiar tal acusação às ongs.

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“A Diocese Episcopal de Jerusalém, liderada pelo Reverendíssimo Hosam E Naoum, condena inequivocamente este ataque a um dos seus locais sagrados de culto, bem como a devastação dos bens da Igreja, como uma violação do direito internacional e um ato terrorista contra toda a comunidade”, acrescentou a Igreja Episcopal. “Os locais de culto e os compostos da igreja devem ser santuários para as comunidades se sentirem seguras para praticar sua fé e ministério”. O ataque ao complexo de Santo André em Ramallah é um “ataque contra seu livre exercício da religião como uma Igreja Cristã estabelecida e oficialmente reconhecida”.

No que muitos veem como indignação seletiva em relação ao destino dos cristãos no Oriente Médio, os governos ocidentais permaneceram em silêncio sobre o terror de Israel aos cristãos palestinos e ao mesmo tempo se manifestavam contra os extremistas muçulmanos que atacaram as comunidades cristãs. Os líderes da Igreja alertaram repetidamente que os cristãos enfrentam a ameaça de “extinção” vinda de grupos israelenses “radicais”.

Antes da criação de Israel em 1948, os cristãos palestinos eram a segunda maior comunidade religiosa da Palestina, representando mais de onze por cento da população total. As ondas de limpeza étnica que os palestinos chamam de Nakba (“Catástrofe”) reduziram seu número ao nível atual de “extinção”.

A captura sangrenta de Israel, a anexação ilegal e a ocupação militar de Jerusalém desde 1967 aceleraram a fuga de cristãos palestinos de seu lar ancestral. Grupos de direitos humanos descreveram o domínio de Israel sobre o território como uma forma de apartheid sob o qual os palestinos cristãos também são tratados como cidadãos de segunda e terceira classe.

LEIA: Conselho Mundial de Igrejas condena discriminação de Israel contra os palestinos

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