O gabinete de segurança em Tel Aviv consentiu neste domingo (31) em deduzir 600 milhões de shekels (US$175 milhões) de impostos aduaneiros coletados em nome da Autoridade Palestina (AP), confirmou o jornal israelense Maariv.
Segundo as informações, a quantia equivale às remunerações repassadas por Ramallah aos prisioneiros palestinos em custódia da ocupação e suas famílias, no período de 2021.
Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, expressou seu veemente repúdio à medida: “Trata-se de pirataria; trata-se de roubo de recursos do povo palestinos”.
“O presidente Mahmoud Abbas reafirma que os direitos dos prisioneiros serão salvaguardados apesar de tais pressões e não permitiremos que um centavo seja deduzido do valor pago a eles e suas famílias”, acrescentou Abu Rudeineh.
A liderança em Ramallah, insistiu o porta-voz, considera os prisioneiros como combatentes da liberdade, detidos por sua luta em nome da independência do estado palestino.
Abu Rudeineh instou a comunidade internacional a pressionar Israel para revogar a medida e dar fim a “atos de provocação”. “O governo israelense precisa rever suas decisões e posições para impedir que a conjuntura alcance um impasse perigoso”, reiterou.
O Ministro da Saúde de Israel Nitzan Horowitz ecoou o mesmo ponto de vista ao se abster da votação sobre a expropriação de recursos. Horowitz descreveu a medida como “imprudente”, dado que é fundamental ao estado israelense preservar sua coordenação de segurança com a Autoridade Palestina.
Segundo Horowitz, com base no acordo entre as partes, não há sequer imperativo para tomar tamanha decisão. Em todo caso, alertou o ministro, Tel Aviv repassará recursos a Ramallah na forma de empréstimos, para atenuar a crise financeira dos territórios ocupados.
O jornal Jerusalem Post reportou que os recursos serão deduzidos em doze parcelas, no decorrer do próximo ano.
Impostos sobre importação e exportação são coletados por Tel Aviv em nome de Ramallah. As autoridades da ocupação deduzem uma comissão compulsória de 3% dos recursos, estimados em 63% do orçamento total da Autoridade Palestina.
O valor deduzido em 2021 foi próximo da quantia deferida pelo gabinete de Israel.
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