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Israel transfere propriedades palestinas em Jerusalém a colonos ilegais

Protesto palestino contra a construção de assentamentos ilegais na aldeia de Beita em Nablus, Cisjordânia ocupada, 4 de fevereiro de 2022 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A ong israelense Bimkom – Planners for Planning Rights revelou que autoridades da ocupação registraram uma série de propriedades palestinas em Jerusalém Oriental em favor de colonos ilegais, segundo informações da agência de notícias Anadolu.

A Bimkom promove a democracia e os direitos humanos no que se refere a questões de planejamento.

“O registro decorreu como parte de um acordo de terras sem ciência da população palestina”, insistiu a ong. “Trâmites para transferência de terras foram executados em algumas partes de Jerusalém Oriental, incluindo em Umm Haroun, na área de Sheikh Jarrah, onde habitam cerca de 45 famílias em 40 imóveis”.

“As propriedades foram registradas em nome de colonos judeus que supostamente possuíam a terra antes de 1948”, prosseguiu a denúncia. A data em questão remete à criação do Estado de Israel via limpeza étnica, evento descrito pela população nativa como Nakba ou “catástrofe”.

LEIA: A Nakba de Sheikh Jarrah: Como Israel usa a ‘lei’ para limpeza étnica de Jerusalém

Famílias de Sheikh Jarrah ainda enfrentam ameaça de expulsão de suas casas que habitam há gerações, com intuito de dar lugar a colonos ilegais.

“Nos últimos anos, o governo israelense voltou a pressionar pelo assentamento de terras em Jerusalém Oriental, o que ameaça a presença dos palestinos na cidade”, advertiu a ong.

“Conforme passa o tempo, vemos cada vez mais que o assentamento de terras é aplicado em favor dos interesses de Israel e seu projeto colonial, em detrimento dos residentes nativos de Jerusalém”, observou o engenheiro Sri Krunish, membro da Bimkom.

“O assentamento de terras é um passo crucial para o desenvolvimento urbano; porém, dado que acontece de forma clandestina e contra os interesses da comunidade, é preciso pará-lo”, reiterou Krunish.

Os palestinos receiam que a nova legislação permita ainda maior expropriação de terras em Jerusalém Oriental para dar lugar a assentamentos exclusivamente judaicos. Conforme a lei internacional, todos os assentamentos são terminantemente ilegais.

Jerusalém Oriental abriga 375 mil palestinos, equivalente a 39% da população das partes leste e oeste da cidade ocupada.

Israel confiscou 35% das terras de Jerusalém Oriental sob pretexto de “interesse público”; os palestinos podem viver em somente 13% da área. Não obstante, as áreas apreendidas foram repassadas a assentamentos. Os 52% restantes são “áreas verdes” ou “vias públicas”.

LEIA: Grupo de extrema direita financia colonos israelenses

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