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A Revolução Argelina (1954 – 1962)

A ocupação usava a tortura, terror psicológico nas vilas e construção de barreiras eletrificadas nas fronteiras para desmantelar o movimento rebelde e permanecer no poder.

Seguindo as tendências neocolonialistas do século XIX, quando o continente africano foi paulatinamente dominado por potências europeias,  a França iniciou a ocupação militar da Argélia em 1830. Neste processo, a expropriação de terras e a separação social foram marcantes: de uma lado, os pied-noir  (em geral cristãos e judeus), detinham os direitos políticos e administrativos da colônia; de outro, os povos berbere, originários do território, e os árabes muçulmanos, cujas terras foram tomadas e entregues aos novos colonos.

A violência colonial avançou pelo século seguinte, culminando em uma campanha de atentados antiárabes por parte dos colonos entre 1950 e 1953. As forças libertárias que já vinham ganhando força no início do século XX se unificaram e, em 1954, criaram a Frente de Libertação Nacional (FLN), de orientação socialista, que iniciou o processo de luta pela independência através da resistência armada, atacando instalações coloniais em diversas cidades da Argélia e convocando a população a lutar.

No entanto, a revolução sofreu uma brutal repressão da metrópole francesa, apoiada por colonos locais. Em agosto de 1956, a FLN organizou um congresso clandestino no Vale de Soummam e reorganizou sua estrutura, dividindo o país em seis zonas militares, políticas e cívicas chamadas Vilaya, com forte trabalho de base que garantiu apoio popular e a territorialização necessárias para o fortalecimento do movimento, expandindo-se de forma cada vez mais sólida para o interior do país, empurrando colonos do Interior para a capital, Argel.

O movimento somava-se à ebulição de outros processos de independência na região, como Marrocos e Tunísia, enquanto a opinião pública francesa se dividia.  A ocupação usava a tortura, terror psicológico nas vilas e construção de barreiras eletrificadas nas fronteiras para desmantelar o movimento rebelde e permanecer no poder.  Nações árabes, socialistas e asiáticas defendiam a independência na ONU e países como o Egito, recém independente,  forneciam ajuda militar e financeira à FLN.

O ápice da revolução ocorreu no período entre 1956 e 1957, conhecido como Batalha de Argel, com ataques às forças metropolitanas na capital do território, marcando o desgaste do exército francês.  Em setembro 1958, a direção da FLN no exílio proclamou o Governo Provisório da República Argelina, reconhecido pela China, Tunísia, Marrocos, Iêmen, República Árabe Unida, Iraque, Sudão, Indonésia e Líbia.

No início da década de 60, estima-se que as constantes derrotas do exército de 450 mil franceses tenham sido causadas por apenas 50 mil combatentes da FLN.   Pressionado, o presidente francês Charles de Gaulle convocou um plebiscito que resultou na retirada das tropas francesas da Argélia, e uma tentativa fracassada de golpe de Estado pela parte descontente do Exército. A revolução pela independência já somava de centenas de milhares a mais de um milhão de argelinos mortos, conforme as diferentes fontes.

Em julho de 1962, um novo plebiscito consagrou a independência argelina, com seis milhões de votos favoráveis e apenas 16 mil contrários.

Após declarada a independência, houve o fortalecimento dos laços com os demais países africanos em processo de revolução e a Argélia se tornou uma referência para a resistência anticolonial.

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