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Somália está à margem de uma fome letal, alerta ONU

Criança de oito meses recebe tratamento nutricional em um campo de deslocados internos na região de Baidoa, na Somália, em 14 de fevereiro de 2022 [Yasuyoshi Chiba/AFP via Getty Images]

Adam Abdel Mawla, coordenador humanitário das Nações Unidas na Somália, advertiu nesta terça-feira (7) que o país africano “está à margem de uma epidemia de fome, capaz de matar centenas de milhares de pessoas”. As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em coletiva imprensa realizada em Nova York, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), reafirmou Abdel Mawla: “A Somália está à margem de uma fome devastadora que deverá ceifar centenas de milhares de vidas”.

“Desde o início do ano, a situação emergencial de estiagem agravou-se substancialmente”, prosseguiu Abdel Mawla. “Hoje, aguardamos um desastre e a situação é bastante trágica”.

“As últimas quatro temporadas de chuva não obtiveram os índices esperados, culminando na pior estiagem da história da Somália, afetando sete milhões de pessoas e deslocando 805 mil outras”, acrescentou. “O preço dos alimentos aumentou e o socorro humanitário permanece fora de alcance. Há agora um risco material de que a próxima temporada de chuvas também esteja abaixo da média”.

Segundo Abdel Mawla, caso se concretize a previsão meteorológica, a situação deve escalar ainda mais até meados de 2023. Cerca de 7.1 milhões de somalis (quase 50% da população) sofrem com a insegurança alimentar.

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Até setembro, conforme o alerta, ao menos 213 mil pessoas enfrentarão fome sistêmica — aumento de 160% em relação a abril. Estima-se que 5.1 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem de desnutrição aguda.

Abdel Mawla confirmou também que as consequências da invasão russa na Ucrânia sobre as cadeias globais de abastecimento, incluindo a carestia de bens essenciais, degradaram ainda mais o acesso das famílias somalis a suas refeições. Bens alimentares se tornaram escassos.

O preço de insumos importados bateu recordes na Somália, com inflação de 160%.

Abdel Mawla instou instituições e países doadores a agirem imediatamente para impedir a iminência da fome generalizada e das mortes procedentes no estado africano.

Segundo estimativas da ONU, a Somália vive sua pior seca em quase 40 anos, que pode resultar em aproximadamente 330 mil crianças mortas por todo o país.

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