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Sob inflação do petróleo, EUA buscam retomar negócios com Arábia Saudita

Mohammed bin Salman al-Saud, príncipe herdeiro e Ministro da Defesa da Arábia Saudita, em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em 7 de dezembro de 2021 [Corte Real da Arábia Saudita/Agência Anadolu]

Segundo informações da imprensa, dois assessores do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden estão na Arábia Saudita para uma visita secreta cujo intuito é assinar um eventual acordo entre Israel, Egito e a monarquia islâmica.

Embora as supostas negociações sejam concentradas na soberania de duas ilhas estratégias, as delegações devem debater também um pacto para ampliar a produção de petróleo, a iminente viagem de Biden à Arábia Saudita, neste ano, e relações entre as partes.

Os relatos foram concedidos por três fontes oficiais americanas à rede de notícias Axios.

Brett McGurk, coordenador da Casa Branca para Oriente Médio, e Amos Hochstein, enviado do Departamento de Estado para questões energéticas, chegaram à monarquia na terça-feira (24), para encontrar-se com oficiais sauditas de alto escalão.

A agenda deve priorizar o aumento na produção de petróleo, assim como a possibilidade de uma normalização de laços entre Arábia Saudita e Israel.

Nesta semana, a Axios observou que a mediação de Washington sobre a questão tripartite pode, caso bem-sucedida, abrir caminho para a normalização.

O chanceler saudita Faisal bin Farhan, no entanto, negou relatos de sua eventual assinatura aos Acordos de Abraão, sob os quais Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão firmaram relações com o estado ocupante.

LEIA: Arábia Saudita condiciona normalização a resolução da questão palestina

“Nada mudou na forma como vemos a matéria; sempre vimos a normalização como resultado final, como a linha de chegada”, reiterou bin Farhan durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. “A Arábia Saudita foi quem promoveu a Iniciativa de Paz Árabe [Beirute, 2002] e quem conduzirá a eventual normalização integral entre Israel e a região”.

A iniciativa de 2002 propõe o estabelecimento de relações entre as partes, caso Israel retire-se dos territórios ocupados desde 1967 e acate a existência de um estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital, além de uma solução à pauta dos refugiados.

A fórmula recebe apoio dos 22 países-membros da Liga Árabe e de agentes majoritários da comunidade internacional. Todavia, as negociações continuam paralisadas devido à recusa israelense de encerrar sua ocupação militar da Palestina histórica.

Benjamin Netanyahu, ex-premiê israelense e atual líder da oposição, prometeu ao eleitorado sionista firmar pactos de normalização com regimes árabes sob o atual status quo, isto é, em termos favoráveis à ocupação, sem ceder território ou reconhecer um estado palestino.

A chegada do ex-presidente americano Donald Trump à arena internacional abriu as portas para que os sonhos da extrema-direita sionista se tornassem realidade.

Ao menos por ora, no entanto, o chanceler saudita não demonstrou sinais de recuo.

O acordo sobre petróleo, não obstante, deve ser mais acessível. O aumento na produção saudita representa um apelo persistente do governo Biden; todavia, sem aval, até então.

Washington tentou diversas vezes persuadir a monarquia a aumentar sua produção para favorecer as sanções contra o petróleo russo, em meio à invasão da Ucrânia. Os sauditas, contudo, mantêm um acordo com Moscou sobre os níveis de oferta.

O pacto do chamado grupo OPEP+ — composto por membros e não-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) — expira em setembro próximo, o que pode abrir uma janela para um acordo entre Arábia Saudita e Estados Unidos.

Biden considera visitar a monarquia no fim de junho. Caso prossiga, sua visita será vista como reviravolta na posição da Casa Branca desde sua posse, em janeiro de 2021.

Durante a campanha, no ano anterior, o então candidato democrata descreveu o reino como “estado pária” e acusou o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman de envolvimento na morte de Jamal Khashoggi, repórter do Washington Post, dentro do consulado saudita em Istambul, em outubro de 2018.

LEIA: Mediação dos EUA pode abrir caminho para normalização saudi-israelense

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