Com procissões e cânticos, milhares de cristãos palestinos e peregrinos celebraram a cerimônia do Fogo Sagrado na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém ocupada, neste sábado (23) — pela primeira vez desde a imposição de novas restrições israelenses sobre o público.
Sob pretexto de segurança, autoridades israelenses buscaram restringir a comparecimento a 1.700 fiéis, medida denunciada por líderes eclesiásticos como violação da liberdade de culto. Diante dos protestos, o limite foi estendido a quatro mil pessoas.
A cerimônia milenar celebra a ressurreição de Jesus Cristo e chega a reunir milhares de cristãos todos os anos.
Após horas de expectativa por parte da multidão, o patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém entrou no túmulo sagrado e então retornou com uma vela acesa.
Dentro de instantes, a luz propagou-se pelo santuário reverenciado por cristãos como local da crucificação, do sepultamento e da ressurreição de Jesus. Sinos ressoaram junto de saudações coletivas, enquanto uma camada de fumaça tomava a capela.
Michael Toumayan, cristão armênio de 36 anos, comentou: “É uma honra estar aqui. Meu pai participa da cerimônia desde que era uma criança e passou essa tradição para mim”.
Após dois anos de restrições de viagem devido ao coronavírus, Israel recentemente voltou a permitir que turistas estrangeiros adentrassem no país, incluindo para fins religiosos.
Segundo Alina Lord, turista romena de 48 anos, sua jornada demandou “fé e determinação”. Lord acordou às 5 horas da manhã para garantir um lugar generoso no ritual sagrado.
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Para Sophia Gorgis, refugiada síria residente na Suécia, de 65 anos, trata-se de um sonho de vida aclamar o Fogo Sagrado em Jerusalém. “Não tenho palavras”, comoveu-se. “Assim que consegui meu passaporte sueco, me inscrevi nessa viagem”
A Igreja do Santo Sepulcro fica no coração do Bairro Cristão de Jerusalém Oriental, capturado por Israel em 1967 como espólio de guerra e posteriormente anexado ao estado sionista, em medida jamais reconhecida pela comunidade internacional.
A Basílica do Santo Sepulcro tem custódia compartilhada entre as Igrejas Católica Romana, Católica Ortodoxa e Apostólica Armênia. Os católicos romanos comemoraram a Páscoa na última semana.
No passado, o Fogo Sagrado chegou a deflagrar-se até mesmo na roupa dos presentes, relatou Tareq Abu Gharbiyyeh, chefe de bombeiros de Jerusalém Oriental, responsável pela segurança do rito cristão há mais de 30 anos. “Graças a Deus, não foi nada sério”, reiterou.
Neste ano, a cerimônia também se encerrou com segurança.
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