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Canadá deve seguir Reino Unido e reaver venda de armas à Turquia, afirma chanceler

10 de abril de 2022, às 12h04

Ministro de Relações Exteriores da Turquia Mevlut Cavusoglu durante fórum diplomático em Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos, em 21 de março de 2022 [Fatih Azgın/Agência Anadolu]

O Canadá deve juntar-se ao Reino Unido e revogar a proibição sobre a exportação de armas a Ancara, declarou o chanceler turco Mevlut Cavusoglu, devido à proeminência regional de seu país como membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), diante da guerra na Ucrânia.

Cavusoglu expressou suas expectativas na última quinta-feira (7), durante coletiva de imprensa em Bruxelas, capital da Bélgica, onde encontrou-se com ministros de política externa da OTAN.

Conforme seu relato, Cavusoglu conversou com sua homóloga britânica Liz Truss. A reunião deu sequência ao diálogo iniciado em março pelo Primeiro-Ministro do Reino Unido Boris Johnson e o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan.

“Londres suspendeu suas restrições às exportações”, insistiu o ministro. “Estamos satisfeitos”.

Cavusoglu mencionou que a prioridade do regime turco é a aquisição de motores para suas aeronaves de combate TFX, um modelo de combate que Ancara busca desenvolver há anos.

Em outubro de 2019, Reino Unido, Canadá e outros membros da OTAN interromperam a venda de armas à Turquia, assim como licenças de exportação que poderiam ser utilizadas para atacar forças curdas que integram a oposição na Síria.

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Tais licenças são fundamentais para obter componentes críticos aos projetos militares de Ancara, incluindo jatos e drones de guerra. A matéria reiterou a dependência turca sobre insumos estrangeiros, apesar dos esforços para fortalecer sua indústria doméstica.

Com o fim da proibição britânica, a cooperação entre as partes voltou a ganhar tração. Em março, o diretor responsável pela indústria militar do Ministério da Defesa destacou que a principal corporação turca começou a trabalhar com a marca Rolls-Royce para produzir os motores do TFX.

A guerra na Ucrânia, deflagrada pela invasão russa em 24 de fevereiro, levou a cúpula da OTAN a perceber a Turquia – seu principal membro a oriente – como agente estratégico para mediar o conflito e conferir assistência ao país sob ataque.

Neste contexto, estados-membros como Reino Unido e Canadá, que até então descreviam seus aliados turcos como um “fardo”, passaram a se aproximar de Erdogan, ao sugerir seu quadro de diplomacia como potencial avalista de um processo de paz.

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