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Rabinos denunciam desvio de doações dos EUA a extremistas israelenses

Colonos israelenses em 16 de abril de 2021 [Emmanuel Dunand/AFP/Getty Images]

Doações beneficentes da comunidade judaica dos Estados Unidos estão financiando grupos de extrema-direita em Israel e alimentando a violência contra os palestinos, alertaram 19 rabinos em uma carta redigida no último ano, após os onze dias de massacre contra Gaza.

O grupo, que inclui religiosos proeminentes, foi a público após entidades judaicas rejeitarem seus apelos enquanto colonos israelenses escalavam seus ataques contra nativos palestinos.

No documento compilado pelo grupo de direitos humanos T’ruah, os 19 rabinos de Nova York reiteram que doações do Fundo Comunitário Judaico (FCJ), associação beneficente que detém US$2.4 bilhões em recursos, são encaminhadas ao movimento de extrema-direita Lehava, que promove a supremacia judaica na Palestina histórica.

Em sua denúncia, os rabinos concentraram-se em doações do FCJ a outra entidade sem fins lucrativos radicada nos Estados Unidos, o Fundo Central de Israel (FCI).

“Ficamos chocados ao saber que um dos recipientes do FCJ é o Fundo Central de Israel, que é um dos principais veículos estadunidenses a doações a grupos que financiam o Lehava … que ajuda a incitar a guerra e organiza marchas de ódio por Jerusalém Oriental”, declarou a carta.

Segundo os rabinos, o Lehava foi responsável por convocar a chamada “marcha da bandeira” em Jerusalém, em junho de 2021. Durante o ato, supremacistas israelenses compartilharam fotos com armas e mensagens como “Hoje, não somos judeus; somos nazistas”.

Um relatório da Anistia Internacional sobre a conduta da polícia da ocupação maio e junho revelou sua inação para proteger a população nativa de colonos judeus, que coordenaram ataques e publicaram planos com antecedência.

 LEIA: Anistia condena lei ‘autoritária’ pró-Israel para negar ao grupo recursos dos EUA

A Anistia registrou 19 mensagens de texto e áudio em canais abertos do Telegram e WhatsApp com intuito de recrutar homens armados e planejar atentados contra os palestinos, sobretudo nas cidades de Haifa, Acre, Nazaré e Lod, entre 10 e 21 de maio.

Os rabinos de Nova York descreveram o Lehava como “grupo cuja base repousa sobre a filosofia genocida de Meir Kahane”, fundador da milícia terrorista Liga de Defesa Judaica (LDJ).

Os rabinos advertiram então contra a “marcha da bandeira”, evento realizado anualmente, e denunciaram a cumplicidade de entidades beneficentes ao financiar tais iniciativas. “Marchas violentas não são novidade. Todo ano, no Dia de Jerusalém, o Lehava e parceiros organizam a marcha da bandeira, que aterroriza palestinos de Jerusalém Oriental”.

Outro grupo que recebe recursos do FCI, mencionado na carta, é o Od Yosef Chai Yeshiva — “infame por sua incitação e violência contra os palestinos”, insistiram os rabinos.

Segundo a Jewish Telegraph Agency, o FCI é alvo de críticas há mais de uma década por canalizar recursos a grupos extremistas em Israel, sobretudo dos Estados Unidos.

Além do Lehava, grupos beneficiados incluem Honenu, que confere pagamentos a israelenses condenados por crimes violentos contra os palestinos, e o Im Tirtzu, notório por publicar um vídeo no qual descreveu ativistas das quatro principais ongs israelenses de direitos humanos como “agentes estrangeiros”, o que culminou em uma onda de ameaças de morte.

O Fundo Central de Israel recebeu US$1.6 milhão no último ano entre doações de contribuintes americanos, totalizando US$23 milhões desde 2002, segundo os registros do imposto de renda.

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