O premiado escritor israelense David Grossman disse em uma entrevista à Rádio do Exército de Israel que a “Cisjordânia sob o domínio de Israel” não deveria mais ser chamada de ocupação, mas de apartheid.
“Você precisa de uma palavra muito mais forte”, disse ele. “Apartheid é um termo mais apropriado”- declarou.
Ele criticou o governo do primeiro-ministro Naftali Bennett e disse que é preciso “curar Israel do mal doentio que é a ocupação”
O escritor já disse outras vezes o que pensa sobre a relação de Israel com os palestinos e com os israelenses, porque o Estado deixa de ser um lar ao “oprimir outra nação e criar uma realidade de apartheid nos territórios ocupados”.
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As declarações de David Grossman repercutiram na mídia israelense, por tratar-se de um escritor renomado, que acredita na literatura como arma contra a desumanização dos conflitos.
Ele perdeu seu filho Uri, na Guerra de Israel no Líbano em 2006, escrevendo depois o livro “Fora do Tempo”, em que um pai tenta viajar para conhecer um indefinido “lado de lá” onde encontraria seu filho.
O site Almayadeen observa que as criticas internas à ocupação têm aumentado, provocando reações do governo. No mês passado, o ministro da Educação de Israel impediu um professor de receber um prêmio por causa de seu apoio a boicotes anti-ocupação.
Há uma semana, cerca de 70 importantes autores, poetas e dramaturgos assinaram uma carta em apoio à decisão da escritora irlandesa Sally Rooney de impedir a editora israelense “Modan” de traduzir seu último trabalho, Beautiful World, Where Are You, para o hebraico. Ela disse que a decisão se soma ao boicote cultural internacional a Israel pelo tratamento dado ao povo palestino.