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Principal cidade drusa da Síria vive protestos, atos são convocados para hoje

Sírios compram pão na aldeia de Binnish, na província de Idlib, noroeste do país, em 9 de junho de 2020 [OMAR HAJ KADOUR/AFP via Getty Images]

Dezenas de pessoas reuniram-se nesta quinta-feira (10) na cidade de Sweida — principal bastião da comunidade drusa na Síria — para protestar contra a deterioração das condições econômicas e os cortes nos subsídios públicos, que entraram em vigor na última semana.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Protestos ocorreram nas aldeias ao redor da cidade, no sul da Síria, ao longo da semana.

Manifestantes bloquearam estradas e tomaram a praça matriz, para demandar a revogação dos sucessivos cortes nos subsídios públicos, após a carestia atingir a gasolina.

“Estamos mobilizados pelo sofrimento de nosso povo e continuaremos nossos atos pacíficos até que nossas demandas sejam cumpridas”, declarou o manifestante Hamed Marouf, que participa dos atos desde seu início, na última quinta-feira (3).

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O governo justificou os cortes como forma de atenuar a pressão financeira sobre o país ainda em guerra, assolado por sanções internacionais. Ainda assim, o presidente Bashar al-Assad e seus oficiais insistem que os cortes afetarão apenas os mais ricos.

Todavia, os manifestantes apontam que a medida piorou as condições dos cidadãos comuns, que sobreviveram uma década em meio à devastação da guerra e lutam agora para comprar alimentos e suprimentos básicos, em meio à inflação e redução dos salários.

Os residentes indicam ainda que o descontentamento entre tradicionais apoiadores de Assad deve-se à corrupção desenfreada e piora nas desigualdades sociais.

A cidade de Sweida permaneceu nas mãos do governo ao longo do conflito, que custou dezenas de milhares de vidas e deslocou milhares de refugiados.

Segundo relatos, centenas de policiais chegaram em ônibus com origem em Damasco, após um novo protesto de massa ser convocado nesta sexta-feira (11).

“Queremos viver com dignidade”, gritaram os manifestantes, ao exibir a bandeira da comunidade drusa. Cartazes diziam: “Não há mais nada para os pobres!”

A imprensa estatal, no entanto, sequer mencionou os protestos.

Na segunda-feira (7), Bouthaina Shaaban, assessor sênior da presidência, alegou em um jornal estatal que os protestos pró-democracia de 2011 — brutalmente esmagados, que culminaram na guerra civil — foram inspirados por forças externas para devastar o país.

Líderes religiosos da comunidade drusa apontaram, porém, que os protestos pacíficos contra atos “injustos” do governo são justificados.

Manifestações civis são algo bastante raro nos territórios controlados por Assad e a minoria drusa evita há anos envolver-se na guerra, na qual grupos majoritariamente sunitas buscam destituir a duradoura dinastia dos Assad.

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