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Disputa sobre véu islâmico se aprofunda na Índia

Protesto em Nova Delhi após instituições de ensino proibirem a entrada de estudantes muçulmanas com hijab, na Índia, 8 de fevereiro de 2022 [Amarjeet Kumar Singh/Agência Anadolu]

O governo de Karnataka, estado no sul da Índia, anunciou nesta terça-feira (8) o fechamento de todas as instituições de ensino médio pelos próximos três dias, em meio a uma disputa sobre o uso de hijab, ou véu islâmico, nas salas de aula.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Basavaraj Bommai, ministro-chefe de Karnataka, pediu aos estudantes, professores e outros residentes da região que mantenham a paz e harmonia. “Ordenei o fechamento de todos os colégios pelos próximos três dias; todos os envolvidos devem cooperar”, afirmou no Twitter.

A polêmica teve início em janeiro, quando estudantes foram impedidas de participar das aulas em uma escola pública do distrito de Udupi, em Karnataka, porque vestiam o tradicional lenço islâmico sobre os cabelos.

D.K. Shivakumar, presidente do parlamento de Karnataka, lamentou a crise.

“A situação em algumas instituições de ensino saiu tanto do controle que, em um dos casos, a bandeira indiana foi trocada por uma bandeira açafrão”, afirmou Shivakumar em referência ao símbolo utilizado por nacionalistas hindus. “Penso que as escolas afetadas devem ser fechadas por uma semana para restaurar a lei e a ordem. O ensino pode prosseguir online”.

Neste entremeio, uma estudante muçulmana foi assediada em sua escola na cidade de Mandya. Membros de um grupo de ultradireita bloquearam o acesso enquanto gritavam de “Jai Sri Ram” (Glória a Lorde Rama). A menina respondeu ao erguer o punho: “Allahu Akbar” (Deus é Grande).

Um vídeo do incidente viralizou nas redes sociais.

“Quão machos devem sentir-se ao atacar uma menina sozinha! O ódio aos muçulmanos foi normalizado na Índia”, observou Omar Abdullah, ex-ministro-chefe da região de Caxemira e Jammu, em sua página do Twitter.

LEIA: Ativistas condenam proibição do lenço de cabeça em estado indiano

Ainda na terça-feira, a Suprema Corte de Karnataka ouviu uma série de petições registradas por mulheres impedidas de comparecer às aulas sob discriminação pelo uso do hijab. As audiências devem continuar nesta quinta-feira (10).

O tribunal também instou os estudantes e o público em geral a manter a paz.

Na capital Nova Delhi, partidos de oposição deixaram em protesto uma sessão da Câmara Baixa do Parlamento (Lok Sabha), devido aos ataques aos muçulmanos de Karnataka.

O que diz a Constituição?

De acordo com a Constituição da Índia, todo cidadão tem o direito de praticar, professar e propagar sua religião. Este direito só pode ser abreviado com base em matérias de ordem pública, moralidade e saúde.

Os muçulmanos no país, entretanto, vivem uma deterioração de sua liberdade de culto, sob o governo do premiê Narendra Modi, chefe do partido nacional-populista Bharatiya Janata (BJP).

LEIA: Website indiano põe mulheres muçulmanas a venda em leilão virtual

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