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Líbia abandona refugiados no deserto sem água, alerta oficial da ONU

Refugiados são resgatados no Mar Mediterrâneo, em 15 de junho de 2017 [Marcus Drinkwater/Agência Anadolu]

Ben Lewis, representante da Organização das Nações Unidas (ONU), advertiu na última semana, durante sessão do Subcomitê de Direitos Humanos do Parlamento Europeu, que a Líbia está conduzindo deportações “mais rápido do que nunca” e abandonando refugiados no deserto.

Os comentários foram feitos durante encontro no qual legisladores da União Europeia e oficiais de direitos humanos das Nações Unidas debateram a questão dos refugiados na Líbia.

Lewis apontou que a Diretoria de Combate à Migração Ilegal da Líbia (DCMI) é responsável pelos recordes de expatriação, em escala muito superior às estimativas oficiais.

“Segundo um funcionário do governo líbio, a diretoria está, neste momento, abre aspas, deportando mais e mais pessoas mais rápido do que nunca”, declarou Lewis.

Refugiados sem sequer acesso a água são forçados pela diretoria a atravessar as fronteiras por terra do país norte-africano, incluindo áreas remotas e mesmo desertos, acrescentou.

O DCMI é também incumbido de gerenciar diversos centros de detenção em toda a Líbia, onde as condições são descritas como desumanas, com relatos de violações humanitárias, execuções sumárias e desaparecimento forçado.

De acordo com um documento militar da União Europeia vazado à rede Associated Press (AP) no início deste ano, ao menos 12 mil pessoas estão encarceradas em 27 centros de detenção espalhados em toda a Líbia.

Enquanto isso, as Nações Unidas adiaram a votação para estender sua missão no país.

LEIA: ONU adia votação para estender missão na Líbia

Durante a audiência, Suki Nagra, diretora de Justiça Transicional e Direitos Humanos da Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL), reafirmou que milhares de pessoas continuam detidas ilegalmente, em instalações secretas administradas por grupos armados.

Apesar da violenta repressão das autoridades líbias contra os refugiados, o relatório europeu, cujos dados foram compilados pela missão de monitoramento do embargo militar (Operação Irini), sugeriu a continuidade do programa para treinar, equipar e financiar a Guarda Costeira.

As políticas de migração da Europa são também alvo de críticas contundentes.

Recentemente, três ongs submeteram queixas relevantes ao Tribunal Penal Internacional (TPI), ao denunciar crimes cometidos contra os refugiados entre 2017 e 2021, no país africano.

Não obstante, autoridades líbias intensificaram medidas para expulsar os refugiados. Neste mês de janeiro, em certa ocasião, ao menos 600 requerentes de asilo e imigrantes foram capturados e encaminhados ao centro de detenção de Ain Zatara, na zona sul da capital Trípoli.

LEIA: Líbia enfrenta diferentes posicionamentos sobre eleições presidenciais e parlamentares

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