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Soldados de Israel não serão indiciados pela morte de idoso palestino-americano

Velório de Omar Asad, palestino de 80 anos, na aldeia de Jiljilya, na região de Ramallah, Cisjordânia ocupada, 13 de janeiro de 2022 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Uma investigação israelense sobre a morte de Omar Asad sugere que nenhum soldado da ocupação será devidamente indiciado, apesar de provas e testemunhas de que o cidadão palestino-americano de 80 anos foi amordaçado, algemado e estrangulado até desmaiar.

Detalhes do inquérito foram vazados neste domingo (23) pelo website Ynet News. Segundo as informações, os soldados jamais concederam socorro ao idoso palestino, apesar de terem um médico militar à disposição.

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Os soldados alegam que Asad foi preso durante uma “checagem de rotina” e que não demonstrou incômodo durante a operação. O relato contradiz duas testemunhas que afirmaram ao The Washington Post que Assad estava sem respirar, quando os oficiais israelenses o deixaram inconsciente no meio de um canteiro de obras.

Um dos outros presos, Mraweh Abdulrahman, reportou que um dos agressores ajoelhou-se perto de Asad e checou seus sinais vitais antes de consultar-se com colegas. Em seguida, os soldados cortaram as algemas de plástico de seu pulso e deixaram o local.

Abu Zaher, médico de Asad, questionou por que um cidadão idoso foi “atirado contra o chão” sem qualquer socorro. “No minuto em que viram que estava sem pulso, saíram rapidamente para evitar a indignação da aldeia”, declarou Zaher ao New York Times. “Nesse momento, as chances de ressuscitá-lo eram zero”.

 

Ao repassar as horas que antecederam a prisão de Asad, o Times observou que o idoso parecia disposto, jogando cartas e bebendo café, na esperança de viajar livremente entre a Cisjordânia, sua terra natal, e os Estados Unidos, onde vivem seus filhos e netos.

Asad viveu em solo americano por 40 anos, na maior parte do tempo na região de Milwaukee, antes de retornar à Cisjordânia ocupada, em 2009. Sua família crê que tropas da ocupação são responsáveis por sua morte e reivindicam uma investigação independente dos Estados Unidos, ao apontar que o inquérito israelense não é confiável.

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A ong israelense B’Tselem compartilhou da apreensão no Twitter: “Crônica de uma omissão anunciada … Soldados prenderam motoristas inocentes no meio da madrugada, levaram um homem de 80 anos a um terreno baldio onde foi amordaçado, algemado e abandonado. Ele morreu. A investigação acaba em breve, o exército vai exonerar seus soldados”.

A B’Tselem reafirmou que as ações dos soldados “foram de acordo com o esperado” e advertiu para a reincidência de prisões arbitrárias e execuções sumárias, devido à impunidade.

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