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Parlamento da Líbia cancela eleições na sexta-feira

Protesto contra a realização de eleições sem uma Constituição estabelecida, em Trípoli, capital da Líbia, 30 de novembro de 2021 [Hazem Turkia/Agência Anadolu]

O Parlamento da Líbia confirmou que as eleições presidenciais previstas para esta sexta-feira (24) não serão realizadas, deixando em dúvida o processo de paz reconhecido internacionalmente, assim como o destino do governo interino estabelecido no país.

As informações são da agência de notícias Reuters.

Nesta quarta-feira (23), a comissão eleitoral propôs adiar a votação em um mês.

As notícias confirmam as expectativas em meio a disputas políticas, incluindo a elegibilidade de candidatos controversos, como Saif al-Islam, filho do ex-ditador Muamar Kadafi, e líderes paramilitares que participaram dos ataques contra Trípoli.

O processo de paz vivencia uma ameaça, após reunir esperanças de encerrar mais de uma década de violência no país norte-africano, desde a deposição de Kadafi em 2011, por um levante popular com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Grande parte da população já tirou seu título de eleitor, o que reflete a vontade popular para a continuida

Pode a Líbia realizar eleições transparentes e democráticas? [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

de do pleito. Entretanto, grupos armados conduziram protestos na capital e em outras regiões, sob ameaça de escalada e novos combates.

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Disputas sobre o caminho adiante podem desfazer o acordo político mediado pela ONU, sob o qual ambos os lados em confronto consentiram com um cessar-fogo.

A Líbia permaneceu dividida em dois centros administrativos distintos entre 2014, quando ocorreram as últimas eleições nacionais, e 2020, quando foi instaurado o atual governo interino. Algumas figuras da porção oriental do país já advertiram para o retorno deste cenário.

Facções, candidatos e potências estrangeiras conversam nos bastidores sobre a possibilidade de realizar as eleições em breve ou postergá-las novamente, a fim de alcançar um acordo sobre as bases legais do processo.

Stephanie Williams, conselheira especial das Nações Unidas para a Líbia, confirmou nas redes sociais uma série de encontros com membros do fórum político responsável pelo processo eleitoral e reafirmou a necessidade de “eleições livres, justas e convincentes”

Enquanto isso, o governo instaurado em março permanece em risco, após o parlamento oriental revogar seu voto de confiança no órgão executivo, em setembro.

A declaração do comitê eleitoral destacou ainda que o mandato do atual governo expira nesta sexta-feira. Contudo, as principais facções e instituições políticas devem apoiar sua manutenção, conforme diretrizes da comunidade internacional.

As eleições legislativas e presidenciais foram convocadas por meio de um roteiro mediado pela ONU, previstas para ocorrer em 24 de dezembro — Dia Nacional da Líbia.

Todavia, nenhum acordo sobre a base constitucional para o voto ou sobre as regras de candidatura foi devidamente consentido pelas instituições fragmentadas do país.

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