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Iniciativa ambiental saudita incita dúvidas, alertam experts

Bandeira nacional da Arábia Saudita, 5 de outubro de 2018 [Chris McGrath/Getty Images]

Especialistas levantaram dúvidas sobre a capacidade da Arábia Saudita de cumprir suas ambiciosas metas ambientais, ao descrever o avanço até então como “criticamente insuficiente” e destacar que faltam incentivos públicos para superar a economia do petróleo.

Parte da culpa pela falta de avanços foi imputada a Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato saudita, que expressou promessas bastante otimistas em resposta a críticas contundentes — incluindo ao comprometer-se com uma “iniciativa verde”.

Em março, por exemplo, Bin Salman referiu-se a uma “nova era verde”, ao prometer que metade da geração de energia saudita — maior nação exportadora de petróleo — seria alimentada por meios renováveis até 2030, com o restante gerado por combustíveis fósseis.

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“Como liderança global na produção de petróleo, estamos totalmente cientes de nossa parcela na responsabilidade em combater a crise do clima”, alegou o príncipe ao Financial Times. “Assim como fomos pioneiros ao estabilizar os mercados energéticos durante a era de gás e petróleo, agiremos para levar o planeta a uma nova era verde”.

Entidades de defesa do meio ambiente, no entanto, mostraram-se céticas às intenções e capacidades de Bin Salman de entregar um plano tão audacioso.

Sem políticas objetivas ou dados transparentes sobre as emissões de carbono do reino, o grupo de pesquisa Climate Action Tracker classificou os compromissos proferidos pelo governante saudita como “criticamente insuficientes”.

“Não está realmente claro como pretendem alcançar seus objetivos”, reiterou Mia Moisio, analista do Instituto New Climate, que colabora com o Climate Action Tracker. “Não há porque ser impossível atingi-los na Arábia Saudita, mas prevalece ainda uma enorme inércia”.

Dúvidas também emergiram  após a monarquia objetar uma série de terminologias presentes em um relatório climático da Organização das Nações Unidas (ONU). Os sauditas aparentemente rejeitaram o conceito de “rede zero”, referente à neutralidade de carbono.

Um elemento central da “revolução verde” da Arábia Saudita deveria ser seu investimento em energia solar. No entanto, poucos detalhes foram divulgados sobre o progresso, até então.

Um especialista observou que a natureza incerta e obras inacabadas do regime saudita afastam investidores em potencial. “O mercado continua cético — eles anunciaram o maior projeto de energia solar do mundo há três ou quatro anos e nada saiu”, comentou.

“A verdade é que os sauditas não têm qualquer incentivo para abandonar sua produção de combustíveis fósseis, neste momento”, enfatizou Richard Black, pesquisador sênior da Unidade de Inteligência Energética e Climática.

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