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Centenas de iemenitas são demitidos sem justa causa na Arábia Saudita

Trabalhadores estrangeiros aguardam para embarcar em ônibus da polícia em direção a centros de deportação em Riad, Arábia Saudita, 14 de novembro de 2013 [Fayez Nureldine/AFP/Getty Images]

Centenas de trabalhadores iemenitas radicados na Arábia Saudita perderam seus empregos nas últimas semanas, sobretudo no sul do país, sem justa causa ou sequer explicação.

As informações são da agência Reuters.

Profissionais de saúde, professores e outros trabalhadores iemenitas na região da fronteira saudi-iemenita foram despedidos recentemente.

O número exato de pessoas afetadas não foi divulgado.

“Funcionários relataram não receber qualquer justificativa para as ordens do governo de revogar contratos dos iemenitas”, reiterou a reportagem.

Autoridades de ambos os países não comentaram o caso, até então.

Uma analista saudita, em condição de anonimato, indicou que a onda de demissões tem como objetivo dar lugar a cidadãos sauditas no sul do país, como parte dos esforços da monarquia para combater o desemprego nativo — que afeta 11.7% da população.

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Porém, acrescentou a fonte, considerações de segurança na região — perto da fronteira do país assolado pela guerra, sob intervenção militar saudita — foram determinantes.

De sua parte, uma fonte do governo oficial iemenita, também em condição de anonimato, sugeriu que as novas diretrizes podem afetar dezenas de milhares de pessoas. Contudo, não esclareceu as razões por trás das medidas.

Dados do Centro Sanaa de Estudos Estratégicos apontam que quase dois milhões de cidadãos iemenitas trabalham no território saudita. A maioria envia dinheiro às suas famílias no Iêmen, que vivencia a pior crise humanitária do mundo, segundo a ONU.

O Banco Mundial estima que uma entre dez pessoas no Iêmen depende de recursos emitidos da diáspora para suprir suas necessidades básicas.

Em julho, relatos surgiram de centenas de demissões entre professores nas universidades sauditas. Negócios nas províncias de Jazan, Aseer, Baha e Najran também tiveram de revogar contratos de trabalho com iemenitas, sob ordens das autoridades.

Segundo o Centro Sanaa, a nova política de Riad não se refere apenas à “nacionalização” de sua mão de obra, mas serve também de “punição” contra iemenitas que recorrem ao apoio financeiro de familiares residentes na monarquia.

As autoridades sauditas esperam assim coagir a população iemenita a contestar o domínio de facto das autoridades houthis, ligadas a Teerã, na capital Sanaa.

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