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Fechamento do aeroporto de Sanaa deixa 95 mil pacientes mortos, afirmam houthis

Paciente recebe diálise em um hospital de Taiz, Iêmen, 4 de junho de 2021 [Abdulnasser Alseddik/Agência Anadolu]
Paciente recebe diálise em um hospital de Taiz, Iêmen, 4 de junho de 2021 [Abdulnasser Alseddik/Agência Anadolu]

O fechamento do aeroporto internacional de Sanaa, capital do Iêmen, levou à morte de mais de 95 mil pacientes que dependiam de tratamento no exterior, reportou ontem (10) Raed Taleb, subsecretário da Autoridade Geral de Aviação Civil e Meteorologia do governo houthi.

Taleb informou os números durante coletiva de imprensa e vigília de protesto convocada no aeroporto por sua agência e pelo Ministério dos Transportes, no quinto aniversário das restrições militares sauditas sobre o espaço aéreo do país.

O bloqueio da coalizão saudita, que interrompeu voos civis na região controlada pelos houthis, recebe apoio efetivo dos Estados Unidos.

Segundo Taleb, mais de 480 mil pacientes que precisavam viajar urgentemente ao exterior foram afetados — óbitos relacionados chegam a trinta vítimas por dia.

“Mais de um milhão de pacientes estão sob risco devido à falta de medicamentos para doenças crônicas, transportados sob condições especiais via aeroporto de Sanaa”, prosseguiu.

Protesto contra os cinco anos de cerco saudita no aeroporto de Sanaa, Iêmen

Khaled al-Shayef, diretor do aeroporto, afirmou em seguida que o impedimento contínuo a voos civis exacerbou, ao longo dos anos, a crise humanitária no país — descrita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a pior do mundo atual.

“Há demandas internacionais para abrir o aeroporto de Sanaa, devido às catastróficas repercussões humanitárias de seu fechamento”, declarou al-Shayef. “Países da coalizão, contudo, insistem em vincular a questão a pautas políticas e militares”.

Fechamento do aeroporto de Sanaa afetou 32 mil pacientes graves desde fevereiro de 2020, alerta ong

Na última semana, o Conselho para Refugiados da Noruega (NRC) e a ong humanitária Care International confirmaram que o fechamento do aeroporto deixou milhares de pacientes iemenitas presos no país assolado pela guerra.

O cerco aéreo também deixou enormes prejuízos econômicos, estimados em bilhões.

“É como ser mantido refém pelos últimos cinco anos”, destacou Isaac Ooko, diretor em exercício do NRC para o território iemenita.

“Os pacientes estão presos no país, mesmo embora haja um caminho para salvá-los”, enfatizou Ooko. “Para milhares de pacientes que dependem de tratamento urgente no exterior, estes cinco anos equivalem a uma sentença de morte”.

“Os iemenitas são privados de seu direito de buscar cuidados médicos, conduzir negócios, trabalhar, estudar ou visitar sua família no exterior. Milhares de iemenitas radicados no exterior estão presos no país ou enfrentam dificuldades para retornar para casa”, acrescentou.

As agências humanitárias observaram ainda que, desde o último voo — em fevereiro de 2020, no qual 28 pacientes foram transferidos do Iêmen — a fila chegou a 32 mil doentes, que demandam tratamento inacessível em seu próprio país.

Em março, Taleb argumentou também que o bloqueio militar causou uma enorme escassez de combustíveis no Iêmen, sobretudo ao fechar a rota vital do porto de Hudaydah.

LEIA: Houthis estão prontos para trocar prisioneiros do Hamas na Arábia Saudita por oficiais sauditas no Iêmen

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