Enquanto os palestinos exigem respostas, a AP não tem mais nada além de tirania

A Autoridade Palestina (AP) pode não ter imaginado que a morte de Nizar Banat por seus serviços de segurança teria desencadeado tal resposta por parte do povo palestino. Manifestações e apelos para que o líder da AP, Mahmoud Abbas, se demita foram recebidas com mais violência pelas forças de segurança, e a liderança palestina não dá sinais de desistir.

A possibilidade de um aumento nas manifestações assim que a comissão de inquérito sobre o assassinato de Banat for tornada pública definiu a estratégia da AP: responder às demandas legítimas do povo palestino com violência. O ministro da Justiça da AP, Mohammed Al-Shalaldeh, declarou a morte de Banat como “anormal” e reconheceu que a violência física foi infligida contra ele, mas concluiu que a causa da morte foi “choque neurológico, que resultou em aguda falha cardíaca e pulmonar”. A morte de Banat, acrescentou Al-Shalaldeh, “foi um caso excepcional e não parte de um padrão executado pela Autoridade Palestina contra seus críticos”.

Relatos de que a AP solicitou equipamento antimotim adicional de Israel sugerem o contrário e testemunham a escalada da violência ordenada pela liderança palestina. Dado que a AP não consegue obter armas sem coordenação de segurança com Israel, não é de admirar que Abbas considere tal colaboração como “sagrada”.

Eliminar oponentes de maneira tão aberta pode não ter sido o modus operandi da AP até agora, mas a liderança palestina silenciou seus críticos, e de várias maneiras. O que é mais revelador sobre o recente assassinato é que a AP não está exibindo nenhuma compreensão das legítimas demandas políticas do povo da Palestina e optou, em vez disso, por recorrer à violência adicional para reprimir a dissidência coletiva.

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Os palestinos devem garantir que Nizar Banat não morreu em vão [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

É razoável e esperado que as pessoas exijam respostas de seu governo, especialmente quando o mandato da liderança já expirou há muito tempo, como o de Abbas. O fato de os palestinos exigirem a renúncia de Abbas já devia ser feito há muito tempo. Alimentada pelo assassinato de um ativista, a demanda ganha urgência, pois, apesar de o ministro da Justiça da PA considerar o assassinato uma ocorrência rara, o fato é que um crítico da AP morreu duas horas após sua prisão pelos serviços de segurança, e tal um destino poderia ser de qualquer pessoa. Além disso, os serviços de segurança da AP estabeleceram a tortura contra palestinos detidos como procedimento de rotina.

Para atingir seu objetivo de reprimir a dissidência, a coordenação de segurança com Israel é fundamental. A AP não está interessada em responsabilização por um crime que não deveria ter acontecido; preocupa-se apenas em estabelecer o caminho da violência, ostensivamente como meio de dissuasão contra a dissidência. Mas as ameaças só funcionam quando há medo, e as perdas sofridas pelo povo palestino desde a Nakba podem, com o tempo, acender mais dissensões contra uma liderança sem visão nem legitimidade.

A AP não está preocupada com uma percepção ou estratégia de longo prazo. Ela está procurando controlar a explosão imediata, em um momento em que respostas rudes são uma necessidade em sua lógica distorcida. Banat foi morto por expressar o que muitos palestinos pensaram, mas não articularam publicamente. Pedir ajuda a Israel por meio da coordenação de segurança é uma das piores ações da AP até agora. No entanto, expõe uma verdade que a AP prefere manter escondida: na ausência de legitimidade, nada lhe resta senão a tirania.

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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