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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Queda de Netanyahu traz breve otimismo

Cidadãos israelenses celebram voto do parlamento (Knesset) pela formação de um novo governo, na Praça Rabin, em Tel Aviv, 13 de junho de 2021 [Jack Guez/AFP via Getty Images]

Mudanças na composição do parlamento israelense (Knesset) raramente são motivo para qualquer otimismo palestino, mesmo no melhor dos tempos. Todos os governos de Israel desde a criação do estado sionista, em 1948, pressionaram pelo apagamento do povo palestino e seus direitos legítimos. A deposição do agora ex-premiê Benjamin Netanyahu, neste domingo (13), foi recebida com pouco entusiasmo na Palestina ocupada. Como muitos disseram: “Mais do mesmo”.

Entretanto, para alguns analistas para além da Palestina e Israel, a mudança política no estado ocupante deve sim trazer algum impacto em uma série de questões regionais. Há uma clara missão ao novo primeiro-ministro Naftali Bennett para restabelecer a coesão nacional, que desmoronou sob Netanyahu. Aparentemente, trata-se de sua prioridade.

O acordo de coalizão prevê que Bennett seja premiê pelos próximos dois anos e então conceda o cargo a seu aliado centrista, Yair Lapid, líder do partido Yesh Atid, pelo período remanescente. Neste entremeio, Lapid serve como Ministro de Relações Exteriores — cargo tradicionalmente vigiado de perto pelo próprio primeiro-ministro, sobretudo sob Netanyahu.

Novo governo de Israel: nada vai mudar [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

Como líder do segundo maior partido no Knesset, Lapid é creditado por reunir a mais diversa coalizão de governo na história política de Israel — inclusive, ao abranger pela primeira vez um partido árabe-israelense, o Ra’am. Logo se espera que a saída de Netanyahu sinalize talvez um fim à estagnação política do país sobre sua abordagem à questão palestina.

Embora Bennett seja um político de direita ultranacionalista, resta uma centelha de esperança. Para começar, a mudança no governo deve atenuar a pressão sobre os envolvidos nas negociações em curso sobre o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA), conhecido como acordo nuclear iraniano. Além de Teerã, o tratado envolve Estados Unidos, China, França, Rússia, Reino Unido, Alemanha e União Europeia.

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Lapid é supostamente centrista — embora a terminologia seja sempre relativa na política israelense cada vez mais pendente à direita e extrema-direita. Porém, justamente sua presença no governo pode representar um fator para alterar a dinâmica israelense sobre o Irã e o acordo nuclear. Diferente de seus predecessores na chancelaria, Lapid deve assumir voz ativa no que se refere à política externa do novo governo. Não estão descartadas, portanto, algumas surpresas: por exemplo, conversas diretas com o Irã ou a indicação do primeiro cidadão palestino a um cargo no gabinete israelense.

O estilo político de Bennett, não obstante, pode frustrar sua interação com políticos internacionais que lideram um “novo projeto democrático”, representados pela ascensão do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden. A franca abordagem ultranacionalista de Bennett incita dúvidas sobre sua cooperação com a retórica adotada por reformistas democratas, como enfatizado na cúpula do G7 realizada no Reino Unido, neste fim de semana.

Nesta conjuntura, Lapid deve ser o rosto de Israel para a política externa, à medida que Bennett serve como “premiê doméstico”, com interação limitada na arena global. A postura de Lapid representa então uma janela de oportunidade não apenas ao acordo nuclear iraniano, mas também para que o estado sionista rearticule seu relacionamento com outros países. Vale notar, ao contrário de Bennett, Lapid compromete-se em ressuscitar as negociações com os palestinos. Caso assim aconteça, Israel poderá retornar aos holofotes internacionais por algo relativamente positivo, ao invés de seus bombardeios e massacres contra mulheres e crianças, além de seus ataques coloniais contra cidadãos muçulmanos na Mesquita de Al-Aqsa.

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A queda de Netanyahu representa, sim, uma lição substancial aos futuros líderes de Israel: depositar seus anseios políticos na brutalidade contra os palestinos não funciona. A agressão de costume, sobretudo contra Gaza, está em baixa e a opinião pública internacional de fato virou-se contra Israel e sua narrativa colonial.

Além disso, conforme a pressão aumenta para que mais países árabes normalizem suas relações com o estado sionista, a mudança de governo em Tel Aviv pode representar uma mudança de postura. Ao invés de colaborar incondicionalmente com o ex-presidente americano Donald Trump e seu genro Jared Kushner, os governos árabes podem muito bem reivindicar melhores propostas para os palestinos, caso insistam na normalização.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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