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Irã usa criptomoeda para minimizar impacto de sanções, revela estudo

Representação visual de criptomoedas, 16 de fevereiro de 2018 [Chesnot/Getty Images]
Representação visual de criptomoedas, 16 de fevereiro de 2018 [Chesnot/Getty Images]

Cerca de 4.5% de todas as ações globais de mineração de bitcoins ocorrem no Irã, o que permite ao país obter centenas de milhões de dólares em criptomoedas, utilizados para custear importações e atenuar o impacto das sanções internacionais, revelou um novo estudo.

As informações são da agência Reuters.

Em seu nível atual de mineração, a produção iraniana de bitcoins pode render até US$1 bilhão por ano, segundo estimativas da empresa de análise Elliptic.

Teerã não comentou imediatamente os dados.

Os Estados Unidos mantêm um embargo quase absoluto à economia iraniana, incluindo a proibição de todas as importações e serviços fornecidos pela república islâmica — com destaque aos setores de petróleo, bancos e navegação.

As estimativas da Elliptic têm como base dados coletados pelo Centro de Finanças Alternativas de Cambridge, até abril de 2020, e declarações da estatal iraniana de energia em janeiro, que confirmaram o consumo de até 600 megawatts de potência por mineradores.

LEIA: Turquia proíbe criptomoeda como pagamento para bens e serviços

Entretanto, a firma de análise reitera que números exatos são “difíceis de determinar”,O processo de criação de criptomoedas, conhecido como mineração, depende de computadores potentes para solucionar problemas matemáticos complexos e requer bastante energia — muitas vezes gerada por combustíveis fósseis, nos quais é rico o Irã.

O banco central iraniano proíbe negociações com bitcoins e outras criptomoedas extraídas no exterior. Não obstante, tais recursos virtuais permanecem disponíveis no mercado clandestino, segundo informações da imprensa local.

Nos últimos anos, o Irã reconheceu a mineração de criptomoedas como indústria formal, ao conceder energia barata e solicitar aos mineradores que vendam o excedente ao banco central, em contrapartida. Os incentivos atraíram mineradores, particularmente da China.

Teerã permite que criptomoedas extraídas no país paguem pela compra de bens autorizados.

“O Irã reconheceu que a mineração de bitcoins representa uma oportunidade atrativa para sua economia, afetada por sanções, que sofre da escassez de moeda física e do excedente de petróleo e gás natural”, observou o estudo recente.

A eletricidade utilizada pelos mineradores no Irã requer em torno de 10 milhões de barris de petróleo bruto por ano, equivalente a 4% das exportações do setor em 2020.

“O estado iraniano, portanto, vende com eficácia suas reservas de energia aos mercados globais e utiliza a mineração de bitcoins para contornar embargos”, reiterou a Elliptic.

Companhias financeiras que oferecem serviços de criptomoeda, sobretudo nos Estados Unidos, devem considerar eventuais sanções caso sejam expostas pelo vasto processo de mineração de bitcoins do Irã, advertiu a empresa de análise.

LEIA: Líbia emerge como capital regional da mineração de Bitcoin

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