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Precisamos Palestinar

Mulheres em protesto pela Palestina [CAS - Coletivo de Artistas Socialistas]
Mulheres em protesto pela Palestina [CAS - Coletivo de Artistas Socialistas]

Nosso jovem amanhã!

Diga ao carrasco

como são os tremores do parto;

diga-lhe como as margaridas nascem

da dor da terra

e como a manhã nasce

do cravo de sangue nas feridas.

Parto – Fadwa Tuqan (Poetisa Palestina)

Enquanto escrevemos, muitos palestinos e palestinas são assassinados, feridos e expulsos dos seus lares, impedidos de professar sua fé, cristã ou islâmica, pela tragédia que espelha o avanço da judaização de Jerusalém, bem como pelo projeto sionista-colonialista, um verdadeiro retrocesso civilizatório e humanitário.

A autoproclamação de Israel, na tarde de 14 de maio de 1948, marca a o início de uma trajetória política genocida de Israel. No primeiro dia após a autodeclaração, 15 de maio de 1948, se inicia a Nakba, parte do plano de limpeza étnica e sua principal estratégia de colonização, perpetrado pelo sionismo contra a população Palestina.

A tão sonhada paz, pressupõe a observância e o cumprimento de tratados internacionais que desde 1948 previram a criação de dois Estados Nacionais soberanos, um Palestino e um Israelense. Mas o que se pode verificar nessas mais de sete décadas, foi a negação por parte de Israel, de todos os acordos firmados após a Resolução da ONU que possibilitou a criação de seu Estado.

A marca deste Estado, desde então, é a do Apartheid, expresso na ampliação dos assentamentos, nas medidas de controle de circulação, nos checkpoints, na destruição de casas e oliveiras milenares palestinas, na inviabilização econômica, no controle hídrico e na tentativa de apagamento cultural.

LEIA: O cerco do Apartheid Israelense e a Nakba de Jerusalém

Um sistema de opressão sustentado pelas diferentes formas de violência, manifestadas diuturnamente. Este Regime do Apartheid de Israel viola as leis internacionais cometendo crime de lesa-humanidade, investigado neste momento pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).

O que dolorosamente assistimos não deve ser chamado de guerra, mas sim de genocídio do Povo Palestino, uma tragédia humanitária que se aprofunda em pleno século XXI.

Os eventos dos últimos dias, do final do Ramadã e às vésperas da recordação da Nakba, são fruto deste histórico, mas também refletem uma tentativa desesperada do premier Benjamim Netanyahu, acusado de corrupção, e que não alcançou maioria na última eleição realizada em março deste ano, de se manter no poder.

É neste contexto que se dá a tentativa de expulsão de palestinos residentes do bairro Sheikh Jarrah, voltada à judaização de Jerusalém, marcada pela repressão brutal aos cristãos locais, incluindo sacerdotes, impedindo-os de acesso à Igreja do Santo Sepulcro, bem como o bloqueio, no início do Ramadã, do Portão de Damasco, que dá acesso à Esplanada das Mesquitas.

O povo palestino, apoiado por aqueles que acreditam em justiça e paz, segue resistindo, apesar do número incontável de mortes, e de vítimas que carregam mutilações ou sequelas permanentes, fruto dos horrores impetrados pelo processo de ocupação.

Por isso, fazemos um chamado a todos os humanistas, defensores dos direitos humanos, aos democratas em escala mundial, inspirados em Paulo Freire, a conjugar o verbo Palestinar, expressando a esperança de uma vida digna, com paz para a Palestina.

LEIA: Palestinos de Jerusalém são o sal da terra

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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