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Especialista chileno acredita que comunidade internacional não conseguirá pressionar Israel

Polícia israelense ataca palestinos com gás lacrimogêneo, balas de borracha e bombas de efeito moral perto do Portão do Leão, em Jerusalém Oriental, 10 de maio de 2021 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]
Polícia israelense ataca palestinos com gás lacrimogêneo, balas de borracha e bombas de efeito moral perto do Portão do Leão, em Jerusalém Oriental, 10 de maio de 2021 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

Os recentes ataques contra palestinos em Jerusalém têm gerado comoção internacional. A União Europeia emitiu uma declaração solicitando que as autoridades israelenses interrompessem a expansão dos assentamentos ilegais em território palestino. Entretanto, segundo o professor chileno especialista no conflito Israel e Palestina, Mauricio Amar, é “difícil esperar que a comunidade internacional exerça algum grau de pressão sobre Israel”, já que historicamente o estado de ocupação não leva em consideração esses pronunciamentos.

“É sempre difícil esperar que a comunidade internacional exerça qualquer grau de pressão; Israel é o Estado que mais frequentemente violou as resoluções das Nações Unidas, o Estado que menos respeita o direito internacional”, disse o acadêmico em entrevista ao Diario Uchile. “É muito difícil esperar uma pressão efetiva, especialmente porque o que estamos testemunhando hoje é o avanço de uma política que começou em 1948, uma política de limpeza étnica e o estabelecimento de um Estado de apartheid sobre a população palestina, uma política que já está em vigor há muito tempo.”

“Israel a implementou desde 1948 e continua a fazê-lo até hoje de várias formas, e tem feito tudo isso enquanto contorna completamente a comunidade internacional, especialmente porque Israel sabe que tem o apoio dos Estados Unidos”, acrescentou.

O doutor em filosofia e acadêmico do Centro Eugenio Chahuán de Estudos Árabes da Universidade do Chile, Mauricio Amar, deu entrevista a Radio Univesidad de Chile, neste domingo (9), sobre os recentes confrontos em Jerusalém, o processo de limpeza étnica contra o povo palestino e a possibilidade da situação se agravar mais nos próximos dias.

“Aproxima-se a data em que aquelas pessoas, que segundo o Estado de Israel não têm o direito de morar ali, serão expulsas de suas casas e estas serão habitadas por colonos israelenses. Isso significa um reforço, por parte de Israel, de uma política de limpeza étnica dos palestinos, e que se baseia sobretudo na força que o sionismo religioso tem adquirido nos últimos tempos, ou seja, o fundamentalismo judaico avança sobre os direitos das populações palestinas que vivem em Jerusalém ”, disse ele.

Amar comentou que dado o contexto atual, a situação deve piorar ainda mais nos próximos dias, especialmente por dois motivos:

“Primeiro porque Israel está de fato tentando executar, apesar da pressão internacional, a expulsão dos habitantes de Shaykh Jarrah, mas ao mesmo tempo estamos testemunhando uma invasão direta pelo exército israelense aos locais sagrados do Islã, onde a maioria da população palestina é muçulmana e se sente profundamente violada por essa entrada na Esplanada das Mesquitas. Essa é uma questão que pode causar uma explosão muito maior de violência”.

O professor acrescentou que “ao mesmo tempo, há outra questão que vem crescendo há alguns meses: a violência dos judeus fundamentalistas, dos sionistas religiosos, contra a população civil palestina em diferentes partes da Palestina histórica e até mesmo dentro do Estado de Israel. Essa questão foi documentada através de vídeos, até mesmo os próprios colonos têm publicado imagens dos ataques que cometem contra a população civil. Essa também pode ser uma situação que pode levar a um ponto muito mais crítico”.

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