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Governador do Banco Central do Líbano é acusado de corrupção na França

Governador do Banco Central do Líbano Riad Salameh em Beirute, 11 de novembro de 2019 [Joseph Eid/AFP via Getty Images]
Governador do Banco Central do Líbano Riad Salameh em Beirute, 11 de novembro de 2019 [Joseph Eid/AFP via Getty Images]

Um grupo de combate à corrupção submeteu uma queixa legal à França contra o Governador do Banco Central do Líbano Riad Salameh, devido a investimentos estrangeiros e propriedades no valor de milhões de euros, reportou nesta segunda-feira (3) a agência Reuters.

A organização não-governamental Sherpa, que defende vítimas de crimes financeiros, relatou em comunicado ter registrado uma queixa na sexta-feira (30), junto de um grupo de advogados, sobre aquisições imobiliárias “suspeitas” em território francês.

Salameh declarou à Reuters ter comprovado através de documentos, em diversas ocasiões, que sua fortuna, incluindo suas propriedades na França, foi adquirida antes de assumir a chefia do Banco Central em Beirute, em 1993.

Além de Salameh, seu irmão, seu filho e um sócio também foram identificados nominalmente na queixa-crime, detalhou Laura Rousseau, diretora do programa de combate ao fluxo financeiro ilícito da Sherpa.

“Estamos analisando ganhos obtidos ilegalmente na França”, observou Rousseau. “Mais especificamente, estamos analisando diversos investimentos estrangeiros que tornam suspeitas as origens da fortuna de Salameh em solo francês”.

LEIA: Líbano abre investigação contra governador do Banco Central e irmão

A elite política e financeira do Líbano é alvo frequente de escrutínio por alegações de má gestão, corrupção sistêmica e obstrução dos esforços para conduzir reformas estruturais no país, a fim de liberar mecanismos de ajuda internacional.

O caso contra Salameh é a última queixa registrada contra autoridades libanesas por suspeitas de corrupção na Europa. O governador descartou alegações prévias como difamação.

O documento de 81 páginas enviado ao judiciário francês destaca bens, empresas e investimentos em todo o continente, no valor de centenas de milhões de euros, supostamente utilizados por Salameh, sua família e associados para desviar recursos do Líbano.

Líbano, uma longa história de crises e desastres [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

A Promotoria Nacional para Crimes Financeiros da França, onde a queixa foi registrada junto da Associação de Vítimas de Práticas Fraudulentas e Criminosas do Líbano, não comentou imediatamente o caso de Salameh.

A queixa também compromete quase vinte políticos libaneses de destaque e sugere que acionistas e banqueiros do país devem ser alvo de investigações no futuro.

O Líbano enfrenta sua pior crise econômica desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.

Os bancos libaneses bloquearam a maior parte das transferências ao exterior e cortaram acesso a depósitos à medida que o dólar tornou-se escasso no mercado nacional. O colapso devastou a moeda e levou a um calote da dívida pública, além da pobreza generalizada.

“No fim deste processo, a França terá de garantir que os fundos ilícitos sejam devolvidos ao interesse público, para melhorar as condições de vida do povo libanês, fortalecer o estado de direito e combater a corrupção”, concluiu a Sherpa.

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