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Parlamento Europeu critica Bolsonaro e pede combate à desinformação sobre a covid-19

Parlamento Europeu, em Bruxelas, Bélgica, em 16 de setembro de 2020 [CC-BY-4.0: © União Europeia 2020 / EP]
Parlamento Europeu, em Bruxelas, Bélgica, em 16 de setembro de 2020 [CC-BY-4.0: © União Europeia 2020 / EP]

Deputados europeus criticaram duramente o presidente Jair Bolsonaro e pediram que ele fosse “investigado”, durante um debate nesta quinta-feira (29). A sessão no Parlamento Europeu discutia a crise de covid-19 na América Latina, combate à desinformação e a possibilidade de envio de ajuda da União Europeia. Os parlamentares também aprovaram uma resolução recomendando a investigação e processo de autoridades que fizeram campanha de desinformação, segundo coluna do Jamil Chade.

Durante o debate, as críticas a Bolsonaro dominaram a sessão. “O negacionismo de Bolsonaro ajuda o vírus a matar”, afirmou Izaskun Bilbao, do Partido Nacionalista Basco.  A eurodeputada da Hungria, Katalin Cseh, do partido centrista Momentum, repetiu frases do presidente brasileiro em que ele fala que a população deixe de chorar. “Nunca deveríamos chegar a esse ponto. O presidente optou por ser parte do problema”, disse.

“São quase 400 mil mortos no Brasil. É uma tragédia provocada por decisões políticas deliberadas. Para nenhum governo foi fácil. Mas tentar uma coisa, recusar é outra”, disse a eurodeputada alemã, Anna Cavazzini, do Partido Verde. “Desde o começo da crise, Bolsonaro se recusou a tomar decisões e rejeitou medidas cientificamente comprovadas. Ele reduziu a importância da pandemia, se opôs à vacinação e tentou ações em tribunais contra lockdown”.

“No lugar de declarar guerra ao vírus, ele declarou guerra à ciência, à medicina e à vida. As mortes seriam evitadas. Por ação ou omissão, a necropolítica de Bolsonaro constitui um crime contra a humanidade que deve ser investigado”, disse o eurodeputado espanhol Miguel Urban Crespo, do partido de esquerda Podemos. Segundo ele, a situação dramática no Brasil é resultado da gestão “criminosa” do presidente. “Hoje, Bolsonaro é um perigo para o mundo todo e o povo brasileiro não merece”, disse.

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A portuguesa Isabel Santos, do Partido Socialista, acusou o brasileiro de “fazer de tudo para que a população não se vacine” e a situação está mais crítica por causa da “negação irracional” de Bolsonaro. “Não é um erro, mas uma irresponsabilidade deliberada”.

Jordi Solé, eurodeputado espanhol do partido Esquerda Republicana da Catalunha, falou que a crise pode transformar o Brasil em uma “incubadora de novas cepas” do coronavírus.

O texto da resolução indica que os “grandes motores da pandemia na América Latina” foram a desinformação online, notícias falsas e a pseudociência. Considera “preocupantes as campanhas de desinformação relacionadas com a pandemia e apela às autoridades para identificarem e perseguirem legalmente as entidades que perpetraram tais ações”.

Na resolução, o Parlamento “lamenta que a pandemia tenha sido fortemente politizada, incluindo a retórica negacionista ou a minimização da gravidade da situação pelos chefes de Estado e de Governo”. O texto não cita Bolsonaro diretamente, mas afirma que “alguns governos têm sido particularmente criticados por seguirem caminhos políticos perigosos no que diz respeito à pandemia da covid-19, mostrando oposição a iniciativas sanitárias regionais e locais, incluindo ameaças de enviar o exército para refrear o encerramento e as restrições locais, e têm sido acusados de ignorar as diretivas fundamentais da OMS, as melhores práticas de gestão da pandemia e as diretrizes de saúde pública baseadas na ciência”.

LEIA: OAB conclui que Bolsonaro cometeu crime de responsabilidade

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