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Retomada da venda de armas dos EUA aos Emirados é ‘desastrosa’, alerta HRW

Presidente dos Estados Unidos Joe Biden comenta sobre a necessidade de um pacote de resgate econômico de US$1.9 trilhão para combater o coronavírus, na Casa Branca, em Washington DC, 5 de fevereiro de 2021 [Stefani Reynolds/Getty Images]

A reviravolta do Presidente dos Estados Unidos Joe Biden sobre o fim do apoio de seu país à intervenção militar no Iêmen, no início desta semana, ao retomar a venda de armas aos Emirados Árabes Unidos, foi condenada como “desastrosa” pelo Human Rights Watch (HRW).

Detalhes da venda de armas no valor de US$23 bilhões foram anunciados na terça-feira (13) por um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos.

Os contratos incluem cinquenta jatos combatentes F-35 (US$10.4 bilhões), dezoito drones MQ-98 (US$2.97 bilhões) e diversas munições estimadas em US$10 bilhões.

Ao denunciar a retomada do comércio militar entre Washington e Abu Dhabi, a organização humanitária destacou que os Emirados não mudaram sua política e mantiveram um papel beligerante e desestabilizador no Iêmen e em outros países da região.

Em fevereiro, o Human Rights Watch reportou ainda a detenção cruel de um jornalista iemenita, primeiro ameaçado por um oficial emiradense e então aprisionado e agredido por forças paramilitares com apoio de Abu Dhabi.

O grupo de direitos humanos argumentou que não há qualquer salvaguarda contra o uso de armas americanas para cometer crimes de guerra.

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“Sou regularmente arrebatado por mensagens de pessoas no sul do Iêmen relatando abusos absurdos cometidos por forças locais com apoio dos Emirados”, declarou Afrah Nasser, pesquisador de direitos humanos no Iêmen para a organização humanitária.

“O risco do uso para cometer violações às leis de guerra é alto, sobretudo com evidências de que a coalizão saudita-emiradense já utilizou armas americanas em bombardeios ilegais contra civis no Iêmen, desde o início da guerra, em 2015”, reiterou Nasser.

Entretanto, os abusos perpetrados pelos Emirados Árabes Unidos vão além do Iêmen.

Na Líbia, forças emiradenses conduziram ataques ilegais e concederam apoio militar a abusos cometidos por milícias locais. O HRW identificou, por exemplo, um ataque a drone contra uma fábrica de biscoitos em novembro de 2019, com oito civis mortos e 27 feridos.

No fim de janeiro, Biden suspendeu temporariamente a venda de armas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos para rever a política de seu governo.

A medida sucedeu inúmeros apelos de ativistas e organizações de direitos humanos nacionais e internacionais para tanto, devido ao péssimo histórico humanitário de Riad, que inclui o assassinato de dissidentes e sua brutal guerra em curso no Iêmen.

LEIA: Biden confirma $ 23 bilhões em vendas de armas para os Emirados Árabes

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