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Ministro de Israel ameaça destruir programa nuclear do Irã se Biden retomar acordo

Usina nuclear de Bushehr do Irã, 6 de dezembro de 2020. [Atta Kenare/AFP via Getty Images]
Usina nuclear de Bushehr do Irã, 6 de dezembro de 2020. [Atta Kenare/AFP via Getty Images]

O ministro israelense de Assuntos Comunitários, Tzachi Hanegbi, do partido governista Likud, advertiu que, se os Estados Unidos quiserem voltar ao acordo nuclear com o Irã sob a nova administração do presidente eleito, Joe Biden, então Israel será forçado a tomar medidas contra o programa nuclear iraniano.

O ministro de Assuntos Comunitários, Tzachi Hanegbi, tido como um aliado próximo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, disse em uma entrevista ontem (13) ao o veículo israelense Kan: “Se o governo dos Estados Unidos voltar ao acordo nuclear – e essa parece ser a política declarada a partir de agora – o resultado prático será que Israel estará novamente sozinho contra o Irã”.

Hanegbi afirmou a crença de Israel de que a reentrada dos EUA no acordo nuclear significa que o Irã “terá recebido luz verde do mundo, incluindo os Estados Unidos, para continuar com seu programa de armas nucleares”.

“É claro que não permitiremos”, alertou. “Já fizemos duas vezes o que precisava ser feito, em 1981, contra o programa nuclear do Iraque e, em 2007, contra o programa nuclear da Síria”, disse ele, lembrando os ataques aéreos de Israel aos reatores nucleares dos dois países.

Ao longo de sua campanha eleitoral, Biden expressou intenção de retornar ao Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA) assinado em 2015 entre o Irã e as potências mundiais que consistem nos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. O acordo, no qual o Irã concordou em limitar muito suas capacidades nucleares, foi abandonado pelos EUA em 2018 quando o então presidente Donald Trump retirou o país do acordo.

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O Irã continuou a intensificar seu programa nuclear no ano passado, depois que os EUA não pareciam propensos a reverter sua decisão, levando Biden a considerar retornar ao acordo sob seu próximo governo.

Antes de Biden assumir, no entanto, surgiram informes afirmando que Trump poderia emitir uma ordem para atacar alvos nucleares iranianos durante sua última semana no cargo. Quando questionado se isso é provável, Hanegbi disse que não era esperado: “A avaliação [israelense] é que nada dramático acontecerá durante esta semana”.

Ele também aconselhou Biden a não “apaziguar” o Irã, dizendo que seu governo não deveria “repetir os erros do governo Obama – apaziguar os iranianos. Isso só aumentou a agressão e o desafio iranianos. Eles viram isso como uma fraqueza americana”.

O alerta de Hanegbi de que Israel poderia recorrer à destruição do programa nuclear do Irã vem em meio a relatos de que Israel atingiu alvos militares iranianos na Síria e no Iraque nas últimas semanas, a última das quais ocorreu na noite passada e matou 40 na Síria, incluindo soldados do regime sírio e milicianos ligados ao Irã.

O ministro do Likud não confirmou que os ataques vieram de Israel, dizendo: “Não reconhecemos este ou outros ataques”. Ele afirmou, no entanto, que “os iranianos querem permissão do [presidente sírio] Assad para agir livremente na Síria, para transformá-la no modelo do Hezbollah. Tudo isso para nos impedir de agir contra seu programa nuclear”.

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