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Turismo sexual em Israel é fruto da normalização com os Emirados

Israelense apresenta seu passaporte ao viajar de Tel Aviv a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 26 de novembro de 2020 [Karim Sahib/AFP/Getty Images]
Israelense apresenta seu passaporte ao viajar de Tel Aviv a Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 26 de novembro de 2020 [Karim Sahib/AFP/Getty Images]

É difícil acreditar nos relatos de turistas israelenses retornando dos Emirados Árabes Unidos, nos quais descrevem Dubai como Las Vegas no Oriente Médio. De fato, trata-se particularmente de uma referência direta ao aumento na prostituição e comércio sexual que seria considerado desfavorável a qualquer país árabe ou islâmico.

Os recentes dados de Israel sugerem que 8.000 israelenses viajaram a Dubai para comemorar o Ano Novo. Aparentemente, levaram haxixe e marijuana com eles aos Emirados, a despeito das rigorosas leis nacionais de combate às drogas, que impõem até 20 anos de prisão e mesmo pena capital a traficantes condenados.

Um israelense que admitiu ter contrabandeado drogas a Dubai afirmou à emissora israelense Channel 12 não ter qualquer preocupação sobre ser detido. “Tudo que fiz foi levar um pouco de haxixe e maconha para celebrar e ficar chapado”, declarou. “Não é cocaína, são drogas leves. Não acho que teremos problema. Uma pena de morte por algumas gramas em nossas malas? Nós só fumamos no quarto do hotel”.

Segundo um residente israelense de Dubai, o aumento nas visitas de seus compatriotas aos Emirados e à cidade, em particular, incorreu na sensação de que estão em casa e podem fazer o que bem quiserem. “A maioria dos turistas israelenses em Dubai não usa máscara, não mantém distanciamento social e assume o risco de multas bastante altas”, relatou. Cerca de 50.000 israelenses visitaram os Emirados Árabes Unidos desde setembro, quando foi assinado o recente acordo de normalização entre os países.

Um novo fato, entretanto, repousa nas propagandas e cartazes de turismo sobre Dubai, de modo a omitir uma dura realidade, representada por gangues israelenses que viajam ao novo destino de férias com a prostituição em mente. Tais homens enchem seus bolsos com milhares e milhares de dólares e pouca ou nenhuma consciência.

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Sobretudo, tornou-se claro que qualquer turista israelense em Dubai pode subir a um quarto de hotel para farrear, pagar US$1.000 e mergulhar de cabeça na piscina da iniquidade. Tudo isso ocorre abertamente, enquanto autoridades emiradenses lavam as mãos diante do ascendente turismo sexual.

Outro indivíduo envolvido em negócios impróprios na cidade de Dubai afirmou ter viajado seis vezes a Bucareste, mas crê agora que Dubai tornou-se o maior bordel do mundo, com seus enormes hotéis luxuosos à beira mar. O cidadão destacou ainda que, no início da noite, dezenas de mulheres sentam-se em cadeiras coloridas, em frente a restaurantes e bares em torno dos complexos hoteleiros.

Normalização com Israel: Quem é o próximo? [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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Dados disponíveis sobre turistas israelenses que retornam dos Emirados indicam custos de até 1.800 a 2.000 dirhams (US$600) por programa sexual. De fato, tais homens descobriram um novo “mercado de carne” e operam impunes em solo emiradense, como se caminhassem a céu aberto em Bucareste, Burgas ou Bangkok.

Um jornalista israelense que encontrou-se com um jovem que saía de Dubai revelou que sua conversa incluía observações sexuais indecorosas e constrangedoras, mas que refletem a realidade presente nos Emirados hoje. Os turistas, segundo os relatos, podem sentar-se e comer ao lado de uma piscina enquanto assistem cenas frenéticas de atividade sexual.

“Tudo isso envolve uma mistura de álcool, meninas e festas sexuais e escolhem tudo que quiserem de seu iPad ou telefone celular”, detalhou um cidadão israelense. “Tudo é aberto e público, como o cardápio de uma pizzaria. Há também cartões que oferecem serviços móveis de prostituição em Dubai, sobretudo meninas com origens no Leste Europeu, que operam como profissionais do sexo nos Emirados. Tais serviços custam 1.000 dirhams, aproximadamente US$300”.

Além disso, segundo o mesmo relato, os israelenses frequentam diversas boates em Dubai, onde encontram serviços de prostituição. “As meninas são como modelos, como garotas do Instagram em trajes de banho. Eles se encontram no lobby de um hotel lotado, com cem a 150 mulheres que trabalham no ‘mercado de carne’ de Dubai, como nos Estados Unidos. Cada pessoa gasta até 50.000 shekels durante a semana, isto é, US$15.000. É muito dinheiro. Não importa o dia, posso levar cinco meninas comigo até minha cobertura no hotel”.

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Turistas sexuais israelenses revelaram que os hotéis de Dubai hospedam garotas de programa provenientes de todo o mundo, incluindo Brasil, Rússia, Peru e Bolívia, que cobram mais de US$700 por noite. “É uma viagem cara e somente os israelenses têm esse dinheiro para ir a Dubai. Uma viagem de fim de semana a Dubai custa US$30.000. Tudo é caro. A entrada na boate é 1.000 shekels por pessoa, então você compra bebida, comida e uma menina se aproxima. A noite acaba custando entre US$5.000 a US$6.000”.

Talvez, seja difícil acreditar que Dubai vivencia hoje os maiores excessos da indústria sexual, mas trata-se de um fato reportado. Os israelenses viajam a Dubai como vão a Bucareste ou à Tailândia, salvo o maior custo e a abundância de serviços propostos abertamente na cidade emiradense. Segundo uma amostra aleatória de turistas israelenses, Dubai é agora um destino prioritário ao turismo sexual, muito mais próximo do que a Romênia, embora mais oneroso.

O que acontece atualmente em Dubai reflete uma expansão da própria indústria sexual de Israel, na qual aplicativos de prostituição vendem mulheres e meninas que operam na cidade. Os Emirados Árabes Unidos tornaram-se uma verdadeira “cidade do pecado” para a região do Golfo e uma das mais recentes capitais do turismo sexual em todo o mundo. A promoção israelense deste mercado obscuro é justamente fruto da normalização.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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