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Assassinato misterioso desperta dúvidas em uma aldeia do Líbano

Joe Bejjany, libanês de 36 anos, funcionário de telecomunicações e fotógrafo freelancer [Naharnet]
Joe Bejjany, libanês de 36 anos, funcionário de telecomunicações e fotógrafo freelancer [Naharnet]

Na segunda-feira (21), Joe Bejjany – funcionário de telecomunicações e fotógrafo freelancer – preparava-se para levar suas duas filhas à pré-escola, quando foi baleado com um silenciador. O caso não chocou apenas sua aldeia nas montanhas, mas todo o país, à margem do pânico.

Nenhum motivo claro para o assassinato emergiu até então. Porém, a falta de informações não impediu a população e a imprensa local de imaginar até mesmo um vínculo com as investigações em curso sobre a devastadora explosão no porto de Beirute, em agosto último.

Residentes de Kahaleh, cerca de 13 km de distância de Beirute, reivindicam uma rápida investigação sobre o que acreditam tratar-se de uma conspiração de algum tipo.

“Não é somente sobre nossa aldeia. Porque hoje é Joe, amanhã é outra pessoa”, afirmou Jean Bejjany, presidente do conselho municipal local e parente distante da vítima. “Nós não vamos proteger nossas casas e aldeias?”

Diversas mortes estranhas incitaram rumores recentes sobre relações com a explosão de agosto, mas os oficiais de segurança insistem que não há qualquer evidência para tanto.

Quase cinco meses após a detonação de um enorme estoque de produtos químicos, armazenados indevidamente por anos, no porto da capital libanesa, ainda não há qualquer resultado público. A explosão matou duzentas pessoas e devastou grande parte da capital.

Além da catástrofe, o colapso econômico do Líbano também despertou temores generalizados sobre a segurança de sua própria população.

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Mais cedo, em dezembro, autoridades prometeram investigar a morte de um oficial aduaneiro aposentado, cujo corpo foi descoberto em sua casa.

Jean Bejjany destaca que nenhum amigo ou parente de Joe estava ciente de qualquer ameaça ou inimigo, tampouco qualquer eventual ligação com a enorme explosão. Segundo os relatos, dois assassinos encapuzados roubaram o celular de Joe, antes de fugir.

Suas filhas, de dois e quatro anos de idade, encontraram o corpo no carro, minutos depois.

Mounir Bejjany, padrinho de Joe, descreveu o caso como “execução”.

Parentes de Joe, que trabalham para uma operadora de serviços de telefonia, relataram ter visto a vítima fotografar eventos militares, como desfiles e cortejos, como freelancer. Outros fotógrafos corroboram a versão.

Duas fontes policiais declararam que o homicídio foi cometido de modo profissional; contudo, sem motivo claro. Hassan Diab, primeiro-ministro incumbente do Líbano, prometeu encontrar e punir devidamente os criminosos.

No velório de Joe, realizado ontem (23), vizinhos choravam e jogavam arroz, enquanto homens de terno carregavam um caixão branco até a igreja.

Gaby Feghali, primo da vítima, afirmou que Joe planejava emigrar com sua família, como muitos outros que decidem agora deixar o Líbano em virtude das sucessivas crises. Segundo Feghali, Joe conseguiu aprovação para morar no Canadá, há cerca de uma semana.

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