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Associação Evangélica do Egito estabelece escola para ‘tratar’ homossexuais

Bandeira nacional do Egito, no Cairo, 20 de abril de 2019 [Khaled Desouki/Getty Images]
Bandeira nacional do Egito, no Cairo, 20 de abril de 2019 [Khaled Desouki/Getty Images]

A Associação Evangélica do Egito estabeleceu uma instituição de ensino focada na chamada “cura gay”, reportou o jornal online Egypt Independent.

O pastor Tony George, que trabalha para a entidade cristã no Egito e Oriente Médio, alegou que a homossexualidade está nas raízes dos traumas infantis e que a escola deve ajudar as pessoas no caminho da mudança.

“Recuperar-se da homossexualidade não é impossível”, declarou.

Em outubro, um relatório da organização internacional Human Rights Watch denunciou que policiais e forças de segurança do Egito costumam prender arbitrariamente pessoas LGBT e mantê-las em condições desumanas, sob tortura e violência sexual.

Em 2001, 52 homens foram presos após a polícia invadir uma embarcação no Rio Nilo, conhecida como Barco da Rainha.

A repressão escalou em 2017, após um concerto da banda libanesa de música pop Mashrou Leila, no Cairo, no qual 56 pessoas foram presas por exibir uma bandeira do arco-íris, símbolo do movimento gay.

LEIA: Ataques sexuais do Egito contra mulheres são vingança pela revolução de 2011

Em junho, a ativista Sarah Hegazi, única mulher presa na ocasião, cometeu suicídio em seu exílio no Canadá.

Sarah foi eletrocutada na prisão, forçada a deixar seu trabalho e eventualmente o país. Foi acusada pelo governo egípcio de filiar-se a um grupo clandestino e promover devassidão e desvios sexuais, conforme descrito pela promotoria.

Após sua soltura, Sarah passou a conviver com severo transtorno de estresse pós-traumático.

Em novembro, um jovem foi detido supostamente por sua orientação sexual, após comparecer a uma delegacia para acompanhar uma testemunha de um caso de estupro cometido contra uma mulher, dopada e violentada, no hotel de luxo Fairmont, na capital egípcia.

O Human Rights Watch reportou que Seif Badour, de 14 anos, não estava presente quando ocorreu o estupro e simplesmente acompanhava sua amiga para prestar depoimento na delegacia local.

No total, três mulheres foram também detidas e investigadas por uso de drogas ao comparecerem à delegacia como testemunhas de um caso de estupro coletivo. As autoridades constrangeram as vítimas ao acusá-las de participar de uma orgia.

Sites apoiadores do governo do general Abdel Fattah el-Sisi difamaram as vítimas e testemunhas, ao divulgar a fake news de que participavam de uma rede de homossexuais com objetivo de espalhar a AIDS no Egito.

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