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Ativista torturada no Egito por erguer bandeira do arco-íris comete suicídio

Ativista LGBT Sarah Hegazi [Twitter]
Ativista LGBT Sarah Hegazi [Twitter]

As redes sociais foram inundadas com tributos e homenagens à ativista LGBT Sarah Hegazi, que cometeu suicídio no Canadá, onde vivia em exílio.

“Ao meus irmãos e irmãs – tentei encontrar redenção e falhei, perdoem-me. A meus amigos – a experiência foi dura demais e não tenho forças para resistir, perdoem-me. Ao mundo – você foi cruel demais, mas o perdoo”, escreveu Sarah em sua carta final.

Sarah foi presa em 2017 no Egito, uma semana após erguer uma bandeira do arco-íris, que representa o movimento LGBT (Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais e Transgêneros), durante concerto da banda indie libanesa Mashrou Leila. O vocalista da banda, Hamed Sinno, é abertamente gay.

“[Foi] um ato de apoio e solidariedade … a todos os oprimidos”, afirmou Sarah posteriormente em entrevista à rede americana NPR.

“Estávamos orgulhosos de erguer nossa bandeira. Jamais imaginávamos a reação da sociedade e do estado egípcio. Para eles, sou uma criminosa – alguém que busca destruir a estrutura moral da sociedade”, prosseguiu.

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“Estava declarando minha própria identidade em uma sociedade que odeia tudo que é diferente da norma”, relatou Sarah à agência alemã Deutsche Welle, em outra entrevista.

Sarah foi a única mulher de um grupo de 56 pessoas detidas durante evento considerado maior campanha de repressão executada contra a comunidade LGBT, na história recente do Egito.

Ahmed Alaa, preso na mesma ocasião, foi condenado publicamente pela universidade onde estudava; sua irmã foi assediada na escola e seu pai, segregado da aldeia onde morava. Ahmed também tentou suicídio.

O Egito possui histórico de perseguição contra a comunidade LGBT, inclusive por meio de prisões arbitrárias e tortura.

Sarah sofreu choques elétricos em cárcere, foi forçada a deixar seu emprego e eventualmente o país. O estado a acusou de filiar-se a um suposto grupo ilegal e promover “desvios sexuais” e “devassidão”.

Ao ser libertada, Sarah foi diagnosticada com severa síndrome de estresse pós-traumático. “A prisão me matou. A prisão me destruiu”, declarou a ativista.

Sarah já tentara o suicídio em ocasião anterior, por meio de overdose de remédios. Durante entrevista à NPR, alertou que poderia tentar novamente.

Muitos usuários das redes sociais prestaram homenagens a Sarah por sua resiliência ao lado dos direitos da comunidade LGBT, a despeito da severa repressão pública.

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