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Israel parabeniza o Líbano pelo Dia da Independência com vídeo bizarro

Trecho de um vídeo divulgado pelo Exército de Israel para congratular o Líbano por 77 anos de independência, em 22 de novembro de 2020 [Avichay Adraee/Twitter]
Trecho de um vídeo divulgado pelo Exército de Israel para congratular o Líbano por 77 anos de independência, em 22 de novembro de 2020 [Avichay Adraee/Twitter]

O Exército de Israel parabenizou o Líbano por seus 77 anos de independência, neste domingo (22), em vídeo divulgado no Twitter.

A gravação, postada por Avichay Adraee, porta-voz militar israelense para comunicação em árabe, reuniu soldados uniformizados desejando ao Líbano um feliz Dia da Independência.

Ao misturar árabe e hebraico, diversos oficiais militares de Israel declararam à câmera: “Desejamos ao povo libanês um feliz Dia da Independência”. Alguns acrescentaram desejos de “calma e segurança” ao vizinho árabe.

Outros expressaram esperanças de que o país ao norte possa “restaurar sua independência”, ao invés de manter “um país dentro de um país”, em provável referência ao poder do Hezbollah e influência do Irã.

No final do vídeo, declarou Adraee: “Espero que possamos ver o Líbano voltar a ser a Suíça do Oriente e não parte do projeto iraniano.”

‘Estendo ao povo libanês meus parabéns mais sinceros, na esperança de que seu país conquiste sua verdadeira independência’, afirma Avichay Adraee, porta-voz militar israelense

O vídeo é surpreendente, considerando que Israel e Líbano estão tecnicamente em guerra, sem jamais assinar um tratado de paz posterior à Nakba, ou catástrofe palestina, representada pela criação do Estado de Israel via guerra e limpeza étnica, em 1948.

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Contudo, em 2018, o exército israelense divulgou um vídeo similar para o 75° Dia da Independência do Líbano. Na ocasião, soldados utilizaram retórica semelhante, ao desejar comemorações “livres do imperialismo iraniano e do terrorismo do Hezbollah.”

Não obstante, analistas observam que o vídeo deste ano pode representar uma oportunidade para Israel destacar que diferencia a população civil do Líbano do grupo paramilitar xiita Hezbollah, ligado ao Irã.

A peça publicitária israelense é publicada meses após oficiais libaneses demonstrarem maior abertura à possibilidade de paz com o vizinho sionista.

Israel ofereceu ajuda ao Líbano logo após a enorme explosão que assolou a capital Beirute, em 4 de agosto, e iluminou um edifício em Tel Aviv como demonstração de suposta solidariedade.

Ainda neste ano, o Presidente do Líbano Michel Aoun rejeitou descartar oficialmente a possibilidade de instituir laços com Israel. Sua filha, Claudine Aoun, e seu genro, Gebran Bassil, também expressaram apoio em potencial para novas conversas de paz.

O Líbano aceitou estabelecer conversas indiretas com Israel, via Estados Unidos e ONU, sob esforços para demarcar a fronteira marítima disputada entre os países.

A aparente atenuação da atitude em relação à ocupação sionista ocorre após Bahrein e Emirados Árabes Unidos normalizarem relações com Israel, conforme uma série de pactos mediados pelo governo dos Estados Unidos do atual presidente Donald Trump.

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