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Presidente do Líbano omite-se diante da possibilidade de um acordo de paz com Israel

O Presidente do Líbano Michel Aoun levantou dúvidas sobre sua posição a respeito de um eventual pacto de paz com Israel, após omitir-se em descartar a possibilidade durante entrevista exclusiva à emissora de notícias francesa BFMTV, realizada no sábado (15).

Questionado se o Líbano poderia estar pronto para assinar um acordo de paz com seu vizinho meridional, Aoun declarou: “Depende. Temos problemas com Israel, devemos abordá-los primeiro.”

O Líbano e Israel estão tecnicamente em guerra e tensões ao longo da chamada Linha Azul, fronteira demarcada pela ONU, permanecem altas. Em 2006, uma guerra foi combatida na fronteira, entre forças israelenses e o grupo libanês Hezbollah, que possui grande apoio popular no sul do Líbano.

Os comentários de Aoun surpreendem alguns observadores pois seu partido político, o Movimento Patriótico Livre, mantém relações próximas com o Hezbollah.

Sobretudo, os comentários são feitos em meio a uma escalada nas tensões regionais, diante de acusações recorrentes de eventual “interferência externa” sobre a explosão que assolou Beirute, capital do Líbano, em 4 de agosto.

A explosão resultou da combustão de quase 3.000 toneladas de nitrato de amônio armazenados indevidamente, no porto de Beirute. Deixou quase 200 mortos e ao menos 6.500 feridos, além de centenas de milhares de desabrigados.

O desastre catalisou a renúncia do gabinete de governo do Primeiro-Ministro Hassan Diab, na última semana, após meses e meses de protestos contrários à sua gestão e à elite política no poder. Contudo, as manifestações populares ainda não conseguiram depor Aoun.

Questionado se cogitou renunciar após a devastadora explosão, o presidente libanês alegou ser uma decisão “impossível”, pois “causaria um vácuo”.

A declaração do presidente sucedeu em apenas alguns dias o anúncio de normalização das relações diplomáticas entre Emirados Árabes Unidos e Israel, em “acordo de paz” mediado pelos Estados Unidos.

Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah, classificou o pacto como “facada nas costas”, ao afirmar que os Emirados Árabes Unidos “traíram Jerusalém e o povo palestino”.

Entretanto, diante da pergunta sobre a normalização emiradense, Aoun declarou apenas que seu país é “independente”.

Os Emirados Árabes Unidos representam o quarto país árabe a instituir laços com Israel, após Egito, Jordânia e Mauritânia. O último, no entanto, suspendeu as relações com o estado sionista em resposta à guerra em Gaza, em 2014.

Não obstante, os comentários do presidente libanês podem fornecer aprovação tácita a outros estados árabes que buscam normalizar relações com Israel. Omã e Bahrein possivelmente são os próximos a estabelecer laços oficiais com a ocupação.

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