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Movimento de BDS será declarado ‘antissemita’, ameaça secretário de Trump

Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo no Edifício de Escritórios do Senado Dirksen, em Washington DC, 30 de julho de 2020 [Greg Nash/AFP/Getty Images]
Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo no Edifício de Escritórios do Senado Dirksen, em Washington DC, 30 de julho de 2020 [Greg Nash/AFP/Getty Images]

Os Estados Unidos deverão rotular o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) como “antissemita”, afirmou hoje (19) o Secretário de Estado Mike Pompeo.

Pompeo descreveu a campanha – uma iniciativa não-violenta global de protesto à ocupação militar da Palestina – como “câncer”, reportou a AFP.

O oficial americano afirmou que Washington pretende classificar “a campanha global anti-Israel BDS como antissemita”. Prosseguiu: “Queremos estar ao lado de todas as outras nações que reconhecem o movimento BDS pelo câncer que é”.

Pompeo fez tais ameaças em evento ao lado do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu, que interrompeu brevemente o secretário para elogiar o anúncio, ao descrevê-lo como “simplesmente maravilhoso.”

O Secretário de Estado dos Estados Unidos está em Israel conduzindo preparativos para uma visita a assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, considerados ilegais segundo a lei e resoluções internacionais.

A visita oficial será a primeira feita por um diplomata americano de alto escalão a um assentamento ilegal israelense.

Espera-se ainda que Pompeo descumpra protocolos ao visitar os territórios ocupados das colinas de Golã, pertencentes à Síria e invadidos por Israel, durante a guerra de 1967. Em 2019, os Estados Unidos reconheceram as terras sírias como parte de Israel.

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Os comentários de Pompeo sucedem uma carta aberta de senadores republicanos que demandam do atual presidente americano Donald Trump que rotule produtos fabricados na Cisjordânia ocupada como provenientes de Israel.

Segundo a carta, a duradoura política de marcar produtos fabricados em assentamentos ilegais israelenses como oriundos da Cisjordânia é uma “diretriz falaciosa da era Clinton”.

Regulações dos Estados Unidos determinam que produtos fabricados em assentamentos ilegais israelenses sejam marcados como “Feitos na Cisjordânia”, desde os Acordos de Oslo, em 1995. Contudo, a legislação raramente é aplicada.

Os senadores republicanos argumentaram no documento que mudar a política “seria mais outra conquista da administração [Trump], em apoio a Israel e como forma de reagir contra o antissemitismo e o movimento de BDS”.

Os senadores Marco Rubio e Ted Cruz estão entre os signatários da carta.

Durante sua viagem, Pompeo deve visitar Psagot, assentamento israelense perto de Ramallah, sede de uma vinícola que produziu um rótulo em sua homenagem.

Recentemente, a suprema corte da União Europeia determinou que a empresa evidencie em seus produtos vendidos em território europeu que a fabricação ocorreu em assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada.

A empresa vinícola de Psagot, segundo a rede Middle East Eye, também é conhecida por atrair cristãos evangélicos dos Estados Unidos que se voluntariam para auxiliar na colheita das uvas, realizadas por colonos israelenses.

Centenas de palestinos reuniram-se ontem (18) para protestar contra a turnê de Pompeo. Forças israelenses rapidamente reprimiram as manifestações com bombas de gás lacrimogêneo e bombas de atordoamento.

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