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Professor universitário do Egito é suspenso por ‘insultar’ o Alcorão

O professor-doutor Mohamed Mahdaly, que leciona sociologia em uma universidade de Alexandria, norte do Egito, foi detido após viralizar um vídeo nas redes sociais de uma discussão com diversos alunos.

O debate em sala de aula girou em torno dos ensinamentos do Alcorão sobre incesto e casamento. Mahdaly, segundo relatos, defendia o casamento entre mães e filhos. Contestado por um verso corânico, respondeu: “Estou cagando para este verso!”

Após a discussão, estudantes denunciaram Mahdaly por “desprezo à fé islâmica”. O vídeo foi reiteradamente compartilhado junto de apelos por sua renúncia, reportou a rede Al Quds.

O professor foi encaminhado para investigação imediata por Khaled Abdel Ghaffar, Ministro para o Ensino Superior do Egito, sob acusações de “insultar o Alcorão”.

Mahdaly alegou que o vídeo foi tirado de contexto e que o incidente foi encenado.

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Nos últimos anos, registrou-se um surto de casos de “blasfêmia” nas cortes egípcias. Grupos de direitos humanos afirmam tratar-se de parte de uma cultura de intolerância generalizada.

Em 2015, a Corte de Pequenas Causas do Cairo, capital do Egito, condenou o apresentador do programa “With Islam”, Islam Al-Buhairi, a cinco anos de prisão por desprezo à religião, após representantes da Universidade de al-Azhar alegarem ofensa por seu conteúdo.

Em 2018, um professor copta de uma escola pública foi acusado de desrespeito ao islamismo. Dois anos antes, uma corte egípcia sentenciou quatro adolescentes coptas pelo mesmo delito, após zombarem de orações islâmicas em um vídeo.

Apesar do Presidente Abdel Fattah el-Sisi representar a si próprio como defensor da comunidade cristã no Egito, os coptas – egípcios cuja adesão ao cristianismo data do século I – denunciam maior discriminação por parte do atual regime, em relação aos predecessores.

Hamdi Al-Assyouti, advogado egípcio de direitos civis, estima que 90% das acusações de blasfêmia são registradas contra cristãos.

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